Cientistas criam vida artificial em laboratório
Primeiro ser vivo sintético é uma bactéria unicelular que será usada para a fabricação de remédios
Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, anunciaram, em um estudo publicado na revista Nature, a criação de um organismo vivo com genoma totalmente artificial, desenvolvido a partir de compostos químicos.
Em projeto que levou cerca de dois anos, os pesquisadores redesenharam o código genético da bactéria Escherichia coli, muito presente no intestino humano, para fabricar células em versão sintética do genoma alterado. Além do ineditismo de se ter desenhado um organismo em laboratório, há resultados práticos. Os pesquisadores acreditam que a Escherichia coli poderá ser usada como importante aliada no combate a câncer, esclerose múltipla, ataques cardíacos e doenças oculares, por exemplo.
Para criar vida em laboratório, os cientistas se basearam no sequenciamento do genoma da bactéria orgânica e redesenharam, em computador, a estrutura do DNA da espécie. O genoma artificial contém 4 milhões de pares de bases nitrogenadas. Se fosse impresso o sequenciamento, baseado em letras, como sempre é quando se trata de genoma – no caso, G, A, T e C –, seriam necessárias 970 páginas de folha A4 para escrever toda a fórmula da vida sintetizada.
De início, os cientistas cortaram algumas dessas letras do código do micróbio para preservar apenas as relacionadas a funções essenciais à vida. Sempre que se deparavam com uma sequência TCG, por exemplo, a reescreviam para ACG, o que, em palavras leigas, significa simplificar a estrutura da bactéria. Ao todo, foram 18 mil dessas modificações. O novo código genético foi então sintetizado e recolocado no microrganismo, batizado de Syn61.