A astronauta norte-americana Christina Koch retornou à Terra nesta quinta-feira, 6, depois de passar quase um ano a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), o que significa o recorde feminino de permanência no espaço.
A cápsula Soyuz com Christina, da Nasa, e seus colegas a bordo (o astronauta italiano Luca Parmitano, da Agência Espacial Europeia, e o cosmonauta russo Alexander Skvortsov) pousou nesta quinta-feira no Cazaquistão, Ásia Central, às 9h12 GMT (6h12 de Brasília), após um voo de três horas e meia.
“A aterrissagem aconteceu como estava previsto e a tripulação está bem”, anunciou o diretor da Agência Espacial Russa (Roskosmos), Dmitri Rogozin, no Twitter. “Estou emocionada e feliz”, disse Koch, sorridente, depois de ser retirada da cápsula.
“Bem-vinda à Terra, @Astro_Christina e parabéns por bater o recorde feminino de permanência no espaço! Você é uma inspiração para jovens mulheres e um orgulho para o Estados Unidos”, escreveu o presidente americano Donald Trump no Twitter.
Parmitano fez um gesto com a mão para mostrar que estava bem, enquanto Skvortsov comeu uma maçã logo depois da aterrissagem, de acordo com um vídeo divulgado pela Roskosmos.
Christina Koch, de 41 anos, permaneceu a bordo da ISS por 328 dias, um novo recorde, superando a marca anterior da também americana Peggy Whitson.
Em 28 de dezembro de 2019, Koch completou 289 dias no espaço, enquanto a marca de sua compatriota era de 288 dias.
Esta engenheira americana já havia entrado para a história com a primeira caminhada espacial 100% feminina, em outubro de 2019, ao lado da compatriota Jessica Meir, uma bióloga marinha.
Em uma entrevista na terça-feira, dois dias antes do retorno à Terra, Christina Koch contou ao canal NBC que aquilo de que mais sentirá falta é da “microgravidade”.
“É muito divertido estar em um lugar onde você pode pular do chão ao teto quando deseja”, declarou, sorrindo.
‘Espaço para as mulheres’
Apesar de ter superado o recorde, Christina Koch afirmou que Peggy Whitson, de 59, e com três missões espaciais no currículo, continua sendo sua “heroína” e “mentora”. Ela sonha em “inspirar a futura geração de exploradores”.
Christina Koch retornou à Terra pouco depois da exibição, no Super Bowl, de um novo anúncio publicitário da marca de cosméticos Olay que se passa no espaço.
Protagonizado pela astronauta da Nasa Nicole Stott, o anúncio pede para “abrir espaço para as mulheres” e se propõe a ajudar a empresa a arrecadar 500.000 dólares para a organização sem fins lucrativos Women Who Code, que estimula as jovens a estudarem tecnologia e ciência.
A primeira mulher a viajar ao espaço foi a cosmonauta soviética Valentina Tereshkova. Seu voo em 1963 continua sendo a única missão espacial realizada por uma mulher de maneira solitária.
Desde o início dos lançamentos rumo à ISS, a Rússia enviou apenas homens ao espaço, com exceção de Elena Serova em 2014.
As duas cosmonautas são atualmente deputadas na Duma (Câmara Baixa do Parlamento russo), onde representam o partido governista Rússia Unida.
E os homens?
Ao contrário de Christina Koch, cuja estada na ISS foi prolongada em relação ao prazo inicial previsto, Luca Parmitano e Alexander Skvortsov concluem missões de seis meses.
Na terça-feira, Parmitano passou o comando da ISS ao cosmonauta Oleg Skrípochka, da Roskomos.
O astronauta italiano de 43 anos publicou com frequência fotos da Terra feitas a partir da ISS, que mostravam os incêndios florestais na Austrália e nos Alpes, eventos que ele descreveu como “uma coluna vertebral que nunca se inclina com o tempo”.
Quatro cosmonautas passaram um ano, ou um pouco mais, no espaço durante apenas uma missão. O recorde absoluto de 437 dias pertence a Valeri Poliakov.
Entre os astronautas da Nasa, o recorde é de Scott Kelly, com 340 dias seguidos na ISS, antes de retornar à Terra em 2016.
(com AFP)