Após um século de buscas, arqueólogos anunciaram nesta terça-feira (3) ter descoberto os resquícios de uma antiga fortaleza grega que já foi um centro de poder em Jerusalém. A fortificação, chamada Acra, foi usada para conter uma rebelião judaica mencionada na Bíblia católica (que traz narrativas sobre a saga dos macabeus, uma família de guerreiros do século II a. C. que comandou uma revolta judaica contra o império dos selêucidas).
Há tempos os pesquisadores debatem a localização de Acra, construída há mais de 2.000 anos por Antíoco Epifânio, rei do império selêucida helênico. Muitos afirmam que ela ocupava o local onde hoje se encontra a Cidade Velha de Jerusalém, com vista para a Igreja do Santo Sepulcro ou junto à colina onde dois templos judeus estiveram no passado e que hoje abriga o complexo da mesquita de Al-Aqsa.
Mas os restos desenterrados pela Autoridade de Antiguidades de Israel e tornados públicos nesta terça-feira estão do lado de fora dos muros da Cidade Velha e dão vista para um vale ao Sul, uma área na qual, segundo os arqueólogos, a construção de Jerusalém se concentrou nos tempos do rei bíblico Davi.
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Rochas, moedas e terra – Antíoco, que viveu entre 215 e 164 a.C., escolheu o local para Acra para poder controlar a cidade e monitorar a atividade no templo judeu, afirmou o pesquisador Doron Ben-Ami, que liderou a escavação.
Com um comprimento estimado em mais de 250 metros e uma largura de 60 metros, ela teria dominado o campo. Debaixo do que uma década atrás era um estacionamento pavimentado, a equipe de Ben-Ami escavou uma colina composta por várias camadas de terra deixadas por sucessivas culturas.
Em uma área, eles descobriram pedras de uma grande parede, a base de uma torre e um aterro em declive com fins defensivos que artefatos próximos, como moedas e alças de jarras de vinho, sugerem terem pertencido ao tempo de Antíoco.
Pedras de estilingue de chumbo e pontas de flecha de bronze do período também foram encontradas, talvez remanescentes de batalhas entre forças pró-Grécia e rebeldes judeus que tentavam tomar a fortaleza.
“Este é um exemplo raro de como rochas, moedas e terra podem se juntar em um episódio arqueológico único para abordar realidades históricas específicas da cidade de Jerusalém”, afirmou Ben-Ami.
(Com Agência Reuters)