A Amazônia está novamente em estado de alerta contra os desmatamentos. Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, no primeiro semestre do ano, 3.988 quilômetros quadrados de floresta foram desmatados na região. A área acumulada de derrubadas é a maior já registrada no período desde o início da série histórica, em 2016.
É o quarto ano consecutivo com recordes de desmatamento nos seis primeiros meses do ano. Em comparação com o mesmo período de 2021, o aumento foi de 10,6%. No primeiro semestre de 2022, o município de Formosa do Rio Preto, na Bahia, foi o campeão de alertas, com 261 quilômetros quadrados.
O mês de junho também teve a pior marca da série histórica. Foram desmatados 1.120 quilômetros de floresta amazônica, 5,5% mais do que se derrubou no mesmo mês o ano passado (1.061 quilômetros quadrados) e 7,4% mais que em 2020 (1.043 quilômetros quadrados). Em junho de 2018, o índice de desmatamento na região foi 129% menor, com 488 quilômetros quadrados derrubados à época.
De 2016 a 2018, a média de área desmatada nos meses de junho foi de 683 quilômetros quadrados ao ano, enquanto de 2019 a 2022 a média desmatada no mesmo mês foi de 1.040 quilômetros ao ano.
Nos primeiros seis meses do ano, mais da metade do desmatamento na Amazônia, 51,6%, se deu em terras públicas. Florestas públicas não destinadas foram a categoria fundiária com mais alertas de desmatamento no período (33,2%), com 1.315 quilômetros quadrados derrubados, seguidas pelas propriedades rurais (28,3%), com 1.120 quilômetros quadrados.
Pela primeira vez, o Amazonas lidera a lista de estados que mais desmataram no primeiro semestre, com 1.236 quilômetros quadrados, 30.9% do total. É seguido pelo Pará com 1.105 quilômetros quadrados, 27,7% do total, e ´pelo Mato Grosso, com 845 quilômetros quadrados, 21,1% do total.
Várias entidades se manifestaram. Para Mariana Napolitano,do WWF-Brasil, os números são alarmantes e colocam a Amazônia cada vez mais próxima do ponto de não-retorno. “O roubo de terras públicas e o garimpo ilegal, que não geram riqueza ou qualidade de vida, estão destruindo nosso futuro”, disse ela por meio de nota.
Para Rômulo Batista, do Greenpeace Brasil, Projetos de Lei como o 2633/2020, que anistia grileiros, e o 490/2007, que abre terras indígenas para atividades predatórias, acrescentam mais uma camada de pressão sobre as florestas. “Nosso país não precisa da aprovação destes projetos. O que precisamos é de vontade política para avançar no combate ao desmatamento, queimadas e grilagem de terras”, disse ele por meio de nota.