Chefe da maior milícia do Rio, Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, entregou à Polícia Federal (PF) no fim da tarde deste domingo, 24. Foragido desde 2018, ele tinha doze mandados de prisão em aberto e se apresentou na Superintendência Regional da PF após negociações. O criminoso comandou as recentes ações criminosas que pararam a Zona Oeste da capital com mais de 30 ônibus queimados.
O criminoso foi transferido para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio.
O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), afirmou que a prisão é ‘uma vitória da sociedade’. ‘A desarticulação desses grupos criminosos com prisões, apreensões e bloqueio financeiro e a detenção desse mafioso provam que estamos no caminho certo’, disse.
Em outubro, Castro anunciou a prisão de André Felipe Mendes, apontado como operador financeiro da milícia de Danilo Dias Lima, conhecido como Tandera. “Acabamos de dar mais um golpe duro na milícia! Policiais civis da Draco, Polinter, DRE e Core prenderam agora há pouco o operador financeiro da milícia do Tandera, em Ramos, na Zona Norte do Rio”, disse nas redes sociais.
A maior milícia do país
O Bonde do Zinho tem um verdadeiro arsenal de guerra para subjugar moradores, comerciantes e empresários em boa parte da Zona Oeste do Rio, onde fincou domínio em dezesseis bairros, ocupados por mais de 1 milhão de habitantes. A apreensão de documentos contábeis da quadrilha, a que VEJA teve acesso em reportagem publicada em junho de 2022, registra em uma lista que os criminosos têm 39 fuzis, dos quais 20 são do modelo americano AR-15, capazes de atingir alvos a uma distância de 600 metros.
Há ainda fuzis automáticos leves e Ak-47, arma russa, considerada a mais versátil do mundo. As anotações em livros-caixa, dezesseis pen drives e um HD de computador, recolhidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Civil, expõem ainda pagamentos de gigantes do mercado imobiliário, a MRV, Tenda e Direcional em um total de 178 000 reais por mês para executarem as suas obras. Outros 58 000 reais aparecem sob a rubrica “empreiteiros”. As três empresas negam os pagamentos à milícia.
Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, é quem figura no topo da hierarquia da estrutura mafiosa, que conta com a participação de policiais e ex-policiais.