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Witzel: “O senador Flávio Bolsonaro já deveria estar preso”

Durante o pronunciamento que fez no início desta tarde, o governador do Rio afirmou estar sendo vítima de perseguição política e partiu para o ataque

Por Sofia Cerqueira Atualizado em 26 Maio 2020, 15h51 - Publicado em 26 Maio 2020, 15h44
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  • Se antes existiam embates políticos, trocas de farpas e ações divergentes, a guerra entre o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e o presidente Jair Bolsonaro foi oficialmente declarada nesta terça-feira 26. Após ser acordado com um mandado de busca e apreensão na residência oficial, o Palácio Laranjeiras, durante a Operação Placebo, que investiga fraudes e desvios milionários nos gastos emergenciais de combate à Covid-19, Witzel mirou abertamente contra o presidente.

    Durante o pronunciamento que fez no início da tarde, o governador disse que está sendo alvo de um “ato de perseguição política” e que o aconteceu com ele vai “acontecer com outros governadores considerados inimigos”.  Alegou que a investigação que envolve seu nome tem como base “narrativas fantasiosas” e que está com a consciência tranquila. Ao se defender, não perdeu a chance de partir para o ataque: afirmou que a “Polícia Federal engaveta inquéritos e vaza informações” relativas à família do presidente e que o “senador Flávio Bolsonaro já deveria estar preso”. Aumentou ainda o tom ao falar que está se instalando um “fascismo” no país e que não permitirá que “esse presidente que eu ajudei a eleger se torne mais um ditador da América Latina”.

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    O discurso do governador Wilson Witzel na íntegra:

    Boa tarde a todos. Quero manifestar minha absoluta indignação com o ato de violência que hoje o estado democrático de direito sofreu. Uma busca e apreensão… tenho todo respeito ao ministro Benedito (Benedito Gonçalves, do Supremo Tribunal de Justiça), mas a narrativa que foi construída e levada ao ministro Benedito é absolutamente fantasiosa. Não vão conseguir colocar em mim o rótulo da corrupção.

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    Todas as irregularidades foram investigadas e estão sendo investigadas por determinação minha. A busca e apreensão, além de desnecessária porque o ministro foi induzido em erro, fantasiosa a corrupção que se fez, não resultou em absolutamente nada. Não foram encontrados valores, não foram encontradas joias, se encontrou foi apenas a tristeza de um homem e uma mulher pela violência com que este ato de perseguição política está se iniciando no nosso país. O que aconteceu comigo vai acontecer com outros governadores considerados inimigos. Narrativas fantasiosas, investigações precipitadas. O mínimo de cuidado na investigação do processo penal levaria aos esclarecimentos necessários.

    Ao contrário, o que se vê na família do presidente Bolsonaro, a Polícia Federal engaveta inquéritos, vaza informações. O senador Flávio Bolsonaro, com todas as provas que nós já temos contra ele, que já estão sendo aí apresentadas, dinheiro em espécie depositado na conta corrente, lavagem de dinheiro, bens injustificáveis, senador Flávio Bolsonaro já deveria estar preso. Esse sim, a Polícia Federal deveria fazer o seu trabalho com a mesma celeridade que passou a fazer aqui no estado do Rio de Janeiro porque o presidente acredita que eu estou perseguindo a família dele. E ele só tem essa alternativa de me perseguir politicamente.

    Acusações levianas estão sendo feitas com relação a mim, mas tudo isso será absolutamente demonstrado de forma clara e precisa nos processos e nestas investigações que tramitam no Supremo Tribunal de Justiça. Estou com a minha consciência tranqüila. Quero dizer ao povo do Rio de Janeiro: estou com a minha consciência tranqüila. Eu prometi ao povo que não o decepcionarei e não vou decepcioná-lo. Mesmo lidando com forças muito superiores a mim. Continuarei trabalhando de cabeça erguida. Manterei a minha rotina de trabalho para continuar salvando vidas e corrigindo erros que todos nós estamos passíveis de sofrermos diante desse momento tão difícil que atravessa o Brasil governado por um líder que, além de ignorar o perigo pelo qual nós estamos passando, inicia perseguições políticas aqueles que ele considera inimigo.

    Não abaixarei a minha cabeça, não desistirei do estado do Rio de Janeiro e continuarei trabalhando para uma democracia melhor. Continuarei lutando contra esse fascismo que está se instalando nesse país, contra essa nova ditadura de perseguição até o último dos meus dias. Não permitirei que infelizmente esse presidente que eu ajudei a eleger se torne mais um ditador da América Latina. Vamos lutar contra isso. Vou apresentar tudo que for necessário para esclarecer, para acabar com esse circo que está sendo feito em relação ao estado do Rio de Janeiro. A democracia vai vencer. Nós vamos lutar e eu tenho a certeza de que a Justiça vai ser feita no momento oportuno. Agradeço a todos vocês. Boa tarde.”

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