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Vídeos de atentado nos EUA inspiraram atirador em escola

O estudante de 15 anos que atirou em colegas inspirou-se em ataques similares dos Estados Unidos, também motivados por bullying

Por Estadão Conteúdo 29 set 2018, 12h39
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  • Na sexta-feira, 29, um estudante de 15 anos do ensino médio pegou uma arma e atirou nos colegas em uma escola estadual da pacata cidade de Medianeira, a 60 quilômetros de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Tinha uma lista para livrar os amigos – no fim, dois acabaram baleados.

    A polícia relata que o estudante era alvo de bullying por parte dos colegas. Agressões físicas e verbais eram constantes.  A ideia de se vingar do bullying cresceu, com inspiração em vídeos de atentados nos EUA e no Brasil, como em Realengo.

    O atentado aconteceu no Colégio Estadual João Manoel Mondrone. “Era um dia de aula normal, os alunos foram para a primeira aula, mas os dois envolvidos (o atirador e um colega que o acompanhava) não entraram na sala em um primeiro momento.

    A pedagoga os chamou para ver o que tinha acontecido. E depois chamou mais três ou quatro meninos da sala para conversar, ver o que tinha acontecido”, relatou o diretor do colégio, Darlan Chiamulera. “Ao saírem dali, eles foram até a sala de aula e um deles começou a atirar”, completa, destacando que não havia relatos que desabonassem a conduta escolar dos jovens, que foram detidos em Medianeira e aguardam decisão para onde serão encaminhados.

    Alunos da mesma sala do atirador, porém, ligaram o caso ao bullying. O agressor, que veio para a escola no início do ano, não gostava de apelidos relativos ao peso ou ao fato de morar na área rural.

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    Os colegas o chamavam de “Zé Patrola” e “gordo”. “A motivação foi o bullying. A ideia (colocada em prática na sexta) começou a florescer e foram buscar vídeos e tutoriais de atentados que ocorrem nos Estados Unidos e também aqui no Brasil, como em Realengo e Goiás. Era só uma ideia no início. Como o bullying não cessava, eles chegaram ao extremo”, detalha o delegado Denis Merino.

    A ação

    À tarde, a polícia tentou checar a veracidade de um vídeo supostamente gravado pelo atirador. Feito em uma estrada rural, sem mostrar o rosto, ele anuncia: “Tô muito ansioso, passando mal. Peço aos familiares que tenham compreensão por causa dos meus atos. Seus filhos me humilharam, me ameaçaram de uma maneira que não tem mais perdão”. No fim, pede para que as pessoas não culpem sua atitude por causa de influências externas. “Se for para culpar algo, culpem seus próprios filhos.”

    Segundo testemunhas, antes de atirar nos estudantes, o jovem de 15 anos pediu para que 5 do grupo dos 35 se retirassem, pois tinha alvos definidos – 11 seriam supostamente citados no vídeo – e não queria ferir amigos. Na sequência disparou, atingindo dois colegas.

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    O diretor do colégio relatou momentos de terror. “Não estamos preparados para enfrentar uma situação dessas. Na hora eu fui atrás dos alunos, seguindo-os, porque eles continuaram andando na escola, armados. Eles não me tinham como alvo, senão poderiam ter atirado. Eu passava pelas salas e pedia para que os alunos trancassem as portas, mas alguns, desesperados, correram; outros deitavam no chão.”

    Vítimas

    O jovem ferido com mais gravidade não era um dos alvos. “Meu filho ouviu o nome dele ser chamado (para sair da sala), mas estava compenetrado nos estudos e não deu importância. Depois, ele foi alvejado e não viu mais nada. Agora está com uma bala alojada na segunda vértebra e com o risco de perder a mobilidade total ou parcial das pernas”, diz o marceneiro Eder Samuel Facundo.

    O jovem hospitalizado disse ao pai que o outro baleado, na perna (sem gravidade), também foi confundido pelo atirador, por possuir um irmão gêmeo.

    Facundo diz que o filho nunca praticou bullying. “O B. não é desse espírito, nem de longe é de querer zoar os outros”, afirmou. “Ele saiu para estudar.” Seu filho foi atendido no Hospital Municipal Padre Germano Lauck, em Foz do Iguaçu, e transferido no fim da tarde para o Hospital do Trabalhador, em Curitiba. “Mesmo com medicamento a dor continua forte.” A outra vítima foi atendida na Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Luz, em Medianeira, e já foi liberada.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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