A vereadora Talíria Petrone (PSOL), de Niterói, no Rio de Janeiro, havia recebido ameaças de morte quatro meses antes de sua colega de bancada, Marielle Franco, ser assassinada a tiros na noite desta quarta-feira. A sede do partido recebeu diversas ligações de um homem anônimo ofendendo a vereadora e ameaçando explodir uma bomba no espaço de reuniões.
O homem utilizou duas linhas de telefone diferentes para fazer a ameaça. Em nota publicada na época dos acontecimentos, o PSOL afirmou que esta não é a primeira ameaça recebida pelo partido em Niterói. No início deste ano, a sede já havia “sido pichada com dizeres ameaçadores e invadida por um homem armado e com discurso intimidatório”.
Por meio de sua assessoria, Talíria afirmou que entende o ataque à colega como “um atentado aos direitos humanos e à democracia”, além de considerar que não foi por acaso que Marielle, uma mulher negra que veio da favela e conquistou voz em discussão sobre segurança pública no Rio de Janeiro, foi escolhida como alvo para o ataque. Ainda assim, disse que é cedo para apontar os responsáveis pelo crime.
Talíria, que era colega de Marielle, é a única vereadora mulher em Niterói. Ela tinha uma atuação muito próxima à de Marielle e, frequentemente, denuncia casos de violência praticados por policiais. Também defende os movimentos feminista, negro e popular.
A assessoria afirmou que as ameaças foram dirigidas a Talíria justamente por causa de sua atuação, que vai contra os interesses dos “setores reacionários da extrema direita”.
Dias antes de ser assassinada, Marielle havia feito uma denúncia contra o assassinato de dois jovens na favela de Acari. A polícia trabalha com a suspeita de que ela tenha sido executada.