O empresário Joesley Batista, delator da Operação Lava Jato, disse em depoimento ao Ministério Público ter ouvido do presidente Michel Temer uma promessa de interferir junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em favor de interesses da empresa.
As revelações fazem parte do conjunto de documentos que embasam o pedido de abertura de inquérito feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Temer.
No primeiro caso, o presidente afirmou, conforme a versão do delator, que poderia ajudar o ex-deputado Eduardo Cunha com dois ministros da Suprema Corte – Joesley havia chamado para si a missão de manter o ex-deputado calado e distante da ideia de fazer um acordo de delação premiada.
Cunha está preso desde o ano passado em Curitiba por ordem do juiz federal Sergio Moro e já foi condenado a mais de quinze anos de prisão. No relato feito por Batista, Temer disse que interceder junto aos onze ministros que integram o Supremo “seria complicado”, mas que poderia falar com dois deles.
Também segundo Joesley Batista, Temer intercedeu pessoalmente junto ao BNDES em favor da JBS, mas a presidente do banco de fomento, Maria Silvia Bastos, não levou a conversa adiante. Foi “infrutífero”, registra o MP na ação cautelar que embasou o inquérito contra o presidente.