Ao retornar ao Rio de Janeiro, o ex-ministro Moreira Franco tentou driblar a Polícia Federal e entrou em um veículo Volvo que o esperava. Alertados de que ali estava um dos principais alvos da Operação Descontaminação, que levou o ex-presidente Michel Temer para a cadeia, quatro policiais perceberam e fizeram sinal para o taxista Paulo Roberto de Souza, de 52 anos. Há 33 anos na profissão, e há dez trabalhando no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Zona Norte do Rio, ele jamais imaginou que iria participar de forma decisiva da prisão de um ex-governador. “Tinha uma corrida agendada com um passageiro, e estava tranquilo, na altura de uma das saídas. Foi quando os agentes da PF apareceram e pediram para seguir o carro. Perguntei se era assalto, roubo de carga, Rio de Janeiro, né”, afirmou Paulo Roberto.
Segundo seu relato, a “perseguição” durou cerca de cinco minutos – e nem deu tempo de ligar o taxímetro. Conhecedor das ruas cariocas, ele sabe quais táxis não podem trafegar pelo corredor de ônibus expressos que leva ao aeroporto, mas que a necessidade o fez desobedecer a regra.
“Os policiais mandaram eu entrar no corredor do BRT e sair correndo por ali mesmo, fui a uns 80 por hora. Como estava tendo uma blitz na rua, conseguimos alcançá-los a tempo. Encostei o carro e eles fizeram a prisão”, contou Paulo, que viu uma mulher e um motorista dentro do carro em que estava o ex-ministro.
O taxista afirma não se lembrar em quem votou nas eleições para o governo do Rio em 1986. Naquele ano, Moreira Franco foi eleito pelo PMDB para o Palácio Guanabara ao derrotar Darcy Ribeiro (PDT). “Quando falaram que estávamos perseguindo o Moreira Franco, não entendi quem era. Mas não votei nele naquele ano, não”, contou a VEJA antes de seguir para mais uma corrida. O fim da linha para Moreira Franco foi ali, mas, para o taxista Paulo, o dia de trabalho continuou.