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Suposto grupo integralista diz ter atacado sede do Porta dos Fundos

Em vídeo, membros do 'Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Família Integralista Brasileira' reivindicam atentado com coquetéis molotov

Por Redação
Atualizado em 26 dez 2019, 09h56 - Publicado em 26 dez 2019, 07h51

Um suposto grupo integralista reivindicou nesta quarta-feira, 25, a autoria do atentado contra a sede do grupo de humoristas Porta dos Fundos, na Zona Sul do Rio de Janeiro, na madrugada da terça-feira 24. O ataque na véspera do Natal foi feito com coquetéis molotov, arremessados contra o prédio da produtora, no bairro do Humaitá. A Polícia Civil do Rio investiga o caso.

Em um vídeo que circula no WhatsApp e no Youtube (veja abaixo), integrantes do “Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Família Integralista Brasileira” assumem o atentado, represália contra o especial de Natal do Porta dos Fundos, A Primeira Tentação de Cristo, disponível na Netflix. O filme mostra Jesus Cristo como homossexual, além de um triângulo amoroso entre Deus, Maria e José.

No vídeo divulgado pelos supostos criminosos, que traz imagens do ataque, aparecem três homens encapuzados e vestidos com as camisas verdes integralistas, à frente de uma bandeira com o símbolo do movimento. Um deles, sentado, lê com uma voz distorcida a declaração em que reivindica a autoria do atentado, chamado pelo grupo de “ação direta revolucionária” e “justiçamento”.

“Nós do Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Família Integralista Brasileira reivindicamos a ação direta revolucionária que buscou justiçar os anseios de todo povo brasileiro contra a atitude blasfema, burguesa e antipatriótica que o grupo de militantes marxistas culturais Porta dos fundos tomou quando produziu seu especial de natal a mando da mega corporação bilionária Netflix, deixando claro para todo o povo brasileiro, mais uma vez, como o grande capital anda de mãos dadas com os ditos socialistas”, diz o homem.

Na mensagem, ele afirma ainda que o grupo humorístico busca “destruir o nosso povo, nossas crenças, nosso patrimônio imaterial, com o intuito de nos enfraquecer”. “O Porta dos Fundos resolveu fazer um ataque direto contra a fé do povo brasileiro se escondendo atrás do véu da liberdade de expressão. Esses malditos servos do grande capital blasfemaram contra o Espírito Santo quando chamaram nosso senhor Jesus Cristo de bastardo e Maria de prostituta de adúltera”, diz.

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O “Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Família Integralista Brasileira” admitiu ter sido o responsável pelo furto de bandeiras antifascistas no campus da UniRio em Botafogo, em dezembro de 2018. Os integrantes reivindicaram a autoria do episódio em um vídeo, que mostra as faixas sendo queimadas.

Em nota publicada na sua página de Facebook, o Porta dos Fundos disse que “condena qualquer ato de violência e, por isso, já disponibilizou as imagens das câmeras de segurança para as autoridades e espera que os responsáveis pelos ataques sejam encontrados e punidos”.

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A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro e questionou se o vídeo faz parte da investigação, mas ainda não obteve resposta até o momento.

O especial da discórdia

A trupe humorística tem sido alvo constante de ataques na internet por polêmicas com seu programa especial de Natal. O vídeo tem 46 minutos e estreou na Netflix no início de dezembro. O enredo se passa no aniversário de 30 anos de Jesus e satiriza seu retorno após 40 dias de jejum no deserto.

No vídeo, Jesus, interpretado por Gregório Duvivier, leva para casa um amigo diferente, interpretado por Fábio Porchat, com quem vive um romance gay, espantando José, Maria, os reis magos e até de Deus. A sátira já traz na sinopse que é “um especial de Natal tão errado que só podia ser do Porta dos Fundos”.

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