O atentado que deixou uma pessoa morta e cinco feridas em uma escola pública em São Paulo, na última segunda-feira, 27, traz à tona um grave quadro de insegurança na rede estadual de ensino. Pelo menos 48% dos estudantes e 19% dos professores relatam ter sofrido algum tipo de violência dentro de suas escolas, sendo mais frequentes os casos de bullying e agressão verbal, segundo uma pesquisa publicada pelo Instituto Locomotiva na terça-feira, 27. Foram ouvidos 1.250 estudantes, 1.250 familiares e 1.100 professores em todo o estado, entre os dias 30 de janeiro e 21 de fevereiro deste ano.
O estudo aponta que o medo da violência nas instituições de ensino já predomina na comunidade escolar desde antes do ataque ocorrido na capital paulista: 69% dos estudantes, 68% dos professores e 75% dos familiares avaliam que a situação nas escolas é de violência média ou alta. Mais além, 26% dos alunos e 16% dos docentes relataram que não se sentem seguros dentro dos colégios; a sensação de insegurança sobe para 41% e 24%, respectivamente, em relação ao entorno das escolas.
“O policiamento no entorno das unidades escolares é deficiente e, sobretudo, não existem políticas de prevenção que envolvam a comunidade escolar”, afirma a presidente do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha. A percepção de hostilidade é generalizada na comunidade estudantil, visto que 71% dos alunos e 73% dos familiares afirmam que souberam de casos de violência em suas escolas no último ano – curiosamente, entre os professores, a parcela que ouviu relatos de violência nas unidades onde eles lecionam cai para 41%.
A pesquisa revela ainda que a insatisfação com a atuação do governo estadual prevalece na comunidade escolar. Em todos os grupos, a maioria dos entrevistados afirma que o Executivo deve oferecer mais condições de segurança nas escolas, além de cobrarem mais ações de acompanhamento da saúde mental de professores e estudantes, que percebem um crescimento da demanda por apoio psicológico depois da pandemia.
A preocupação atual da Secretaria de Segurança Pública é que o ataque ocorrido na capital paulista produza um “efeito contágio” e incentive outros alunos à violência – entre os dias 27 e 28 de março, a Polícia Civil registrou mais sete denúncias de potenciais atentados em escolas do estado.