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Serviço paralelo de informações de Bolsonaro investigou governo Witzel

Presidente foi informado sobre escândalos envolvendo a secretaria de saúde do estado do Rio de Janeiro antes da operação da Polícia Federal

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 31 Maio 2020, 16h27

O presidente da República elegeu o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, como o seu principal alvo a ser abatido. Desde janeiro, o serviço de inteligência paralelo de Jair Bolsonaro, revelado por VEJA, tem feito uma varredura em contratos fechados pelo estado carioca. O objetivo dessa devassa era encontrar um escândalo de corrupção que pudesse implodir o ex-juiz do PSC.

A relação entre os dois governantes azedou de vez em outubro do ano passado, após a Polícia Civil carioca colher o depoimento de um porteiro que envolveu, de forma equivocada, o nome de Bolsonaro nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco. O presidente decidiu reagir.

O coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, que despacha no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros do gabinete do presidente da República, foi escalado para fazer uma varredura em contratos fechados pelo governo do Rio. Além disso, o militar começou a checar relatos extraoficiais sobre a gestão Witzel, enviadas por uma rede de apoiadores de Bolsonaro.

Em janeiro deste ano, o presidente foi informado que havia irregularidades em algumas organizações sociais (OSs) no Rio de Janeiro, responsáveis por administrar unidades de saúde. Alguns meses depois, com a proliferação do coronavírus no Brasil, Bolsonaro recebeu um dossiê de sua inteligência pessoal relatando que o governo Witzel havia fechado um contrato emergencial de 835 milhões de reais com a Organização Social Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) para a construção de hospitais de campanha. Esse e outro material, que também denunciava compras suspeitas de aparelhos respiradores pela secretaria de saúde do estado, passaram a circular entre assessores e ministros palacianos.

Os dois casos passaram a ser investigados pela Procuradoria-Geral da República e pelo Ministério Público do Rio. No último dia 26 de maio, a Polícia Federal realizou uma busca e apreensão de documentos e aparelhos telefônicos no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador carioca. Antes mesmo de os agentes baterem à porta de Witzel, um amigo de Bolsonaro, Waldir Luiz Ferraz, conhecido como Jacaré, estava no local da operação, gravando um vídeo da ação para enviar em primeira mão para o presidente.

Após ser alvo da PF, o governador do Rio disse ser vítima de uma perseguição política. “A Polícia Federal deveria fazer o seu trabalho com a mesma celeridade que passou a fazer aqui no estado do Rio de Janeiro porque o presidente acredita que eu estou perseguindo a família dele e ele só tem essa alternativa de me perseguir politicamente”, afirmou Witzel. “O senador Flávio Bolsonaro, com todas as provas que temos contra ele, já devia estar preso”, disse.

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