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‘Se eu tivesse condições, mudaria de cidade’, diz mãe da menina Vitória

Rosana Guimarães, no entanto, deve permanecer em Araçariguama (SP) para estar ao lado da filha mais velha, grávida. Ela vai montar 'memorial' à garota

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jun 2018, 23h18 - Publicado em 21 jun 2018, 22h20

Depois do assassinato da menina Vitória Gabrielly Guimarães Vaz, de 12 anos, a mãe dela, a professora Rosana Maciel Guimarães, de 39 anos, pensa em deixar a cidade de Araçariguama (SP), onde vive. Embora tenha sido ameaçada por meio de mensagens de celular depois do desaparecimento de Vitória – ameaças que continuaram após a localização do corpo dela e, segundo a polícia, eram trote – Rosana diz que o que a aflige mesmo é conviver com a lembrança constante da morte da garota por ali. Mãe e filha dormiam na mesma cama desde que Vitória nasceu.

“Se eu tivesse condições, mudaria até de cidade, mas, como tenho outra filha, que está grávida, tenho que estar ao lado dela e ajudar com esse neto que está pra vir”, diz a mãe, que voltou para casa somente nesta quarta-feira, 20, e não dormiu lá de ontem para hoje. “Ainda não tive meu momento sozinha, estou sempre acompanhada da minha família, na casa de familiares e parentes”, relata Rosana, que havia se abrigado na casa de sua avó, em São Paulo, depois da confirmação da morte da garota, no último dia 16.

Apesar da ideia de mudar complemente de ares, o mais provável é que Rosana, a filha mais velha, Joice, de 22 anos, grávida de cinco meses, e o genro passem a morar nos cômodos em construção sobre a casa da família, quando concluídos. No local, onde Vitória Gabrielly teria um quarto só para ela, Rosana Guimarães pretende reservar algum espaço a um “memorial” à filha. “Quero pegar essas coisas bonitas, imprimir essas frases, textos, homenagens, e montar um cantinho dela”, conta.

Além de Joice e Vitória, Rosana é mãe de Felipe, de 20 anos, que cursa medicina na Universidade de Buenos Aires (UBA), na Argentina.

Acusações

Sobre as mensagens nas redes sociais que a incluem entre os suspeitos da morte da menina, Rosana afirma que, após a identificação do(s) assassino(s) pela Polícia Civil, vai buscar a Justiça para que os autores das postagens sejam punidos. “Do mesmo jeito que tem muita gente boa mandando mensagens de amor, também tem muita gente denegrindo minha imagem, me acusando de ter um perfil de ter matado minha própria filha, um monte de justiceiros, isso me choca muito”, declara.

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Nesta quinta-feira, 21, os investigadores coletaram o celular de Rosana Guimarães e de Luiz Alberto Vaz, o Beto, pai da menina, para perícia.

Vitória Gabrielly foi vista pela última vez no dia 8 de junho, quando saiu para andar de patins em uma rua a cerca de dez minutos de sua casa, e desapareceu. O corpo dela foi encontrado oito dias depois em uma estrada de terra na zona rural de Araçariguama, com o par de patins ao lado. Segundo Rosana, no dia em que desapareceu, Vitória havia assistido a vídeos com manobras de patins no YouTube. Ela imagina que a garota, que ganhou o apetrecho no último Natal, foi treinar as novas habilidades na Rua Espírito Santo, ao lado de um ginásio de esportes, onde foi raptada.

Já aflita com algumas horas sem notícias da filha, Rosana diz ter tido certeza do desaparecimento quando Vitória não voltou para casa a tempo de assistir a um capítulo da novela infantil Poliana, do SBT, da qual era fã fervorosa. “Na sexta feira, quando ia começar a Poliana e ela não tenha chegado, foi aí que eu tive certeza que ela tinha sumido. Ela corria para ver, não perdia um episódio, estava muito feliz com a novelinha dela”, conta Rosana. Bolsista em um colégio adventista da cidade, Vitória Gabrielly sonhava em ser atriz.

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Irmã e prima eram ‘musas’ de Vitória

Vitória Gabrielly tinha mania de experimentar roupas e maquiagens de Joice de Freitas, de 22 anos, sua irmã mais velha, e de Larissa Queiroz da Rocha, de 19 anos, prima de segundo grau e vizinha. “Ela gostava das minhas roupas, sempre foi bem vaidosa e se inspirava em mim e na Larissa, tinha uma admiração, se espelhava na gente”, diz Joice. “Onde eu e a Joice íamos, ela ia atrás”, conta Larissa.

Grávida de cinco meses de um menino, que se chamará Enzo, Joice relata que Vitória Gabrielly estava empolgada com a ideia de ser tia. “Ela sempre falava para mim que ia me ajudar a cuidar do Enzo. Eu vou sempre falar pra ele da tia, que é um anjo e vai estar sempre protegendo ele, vou mostrar fotos e vou tatuar o nome dela”, anuncia Joice.

Já Larissa lembra o dia anterior ao desaparecimento de Vitória, quando elas dividiram uma porção de camarão. “Pra mim ela ainda está aqui na casa dela, vai chegar a qualquer hora. É uma criança, muito nova ainda, difícil acreditar, até porque, um dia antes, comemos juntas uma porção de camarão. Eu e a irmã dela estávamos comendo e ia sobrar um monte. Ela comia bem, gostava de tudo. Aí chamamos e ela veio rapidinho”, relata.

Vitória Gabrielly Guimarães Vaz, de 12 anos, morta em Araçariguama (SP)
Vitória Gabrielly Guimarães Vaz, de 12 anos, morta em Araçariguama (SP) (Facebook/Reprodução)
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