O líder indígena Raoni chegou a Paris neste domingo, 12, para dar início a um périplo de três semanas pela Europa para alertar sobre as crescentes ameaças à Amazônia. Sua agenda inclui reuniões com o presidente da França, Emmanuel Macron, e o Papa Francisco, no Vatican, segundo a Foret Vierge, organização que Raoni preside de forma honorária.
Pertencente à etnia Kayapó, o cacique Raoni Metuktire aproveitará a visibilidade internacional para tentar arrecadar um milhão de euros a serem destinados à proteção da reserva indígena do Xingu. Localizada na Amazônia, a reserva abriga vários povos indígenas e está ameaçada pelo avanço de madeireiros e do agronegócio.
Raoni, cuja luta pela defesa da Amazônia brasileira foi apoiada internacionalmente por figuras como o cantor Sting, viaja acompanhado por outros três líderes indígenas que vivem no Xingu. O grupo deverá se encontrar também com o ministro francês do Meio Ambiente, François de Rugy, e com autoridades da Bélgica, Suíça, Luxemburgo, Mônaco e Itália.
A jornada de Raoni na Europa ocorre em meio a tensões devido ao aumento das ameaças à Amazônia por parte dos setores de mineração, madeira e agricultura, que encontraram um aliado no presidente Jair Bolsonaro, que já manifestou apoio à exploração econômica de áreas protegidas.
O Brasil deu início à demarcação de terras indígenas a partir da década de 1980, garantindo a algumas comunidades o direito a suas terras. No entanto, declarações de Bolsonaro, contrário desta política de demarcação, alarmaram as comunidades indígenas que mantêm décadas de luta para proteger seu território e suas culturas.
Os fundos arrecadados serão usados para substituir os sinais nos limites da vasta reserva do Xingu, para comprar drones e equipamentos tecnológicos para monitorar a região e protegê-la contra incêndios, informou a Foret Vierge. Algumas comunidades no Xingu também precisam de recursos para saúde, educação e conhecimento técnico para a extração e a comercialização de produtos renováveis obtidos na selva.
“Desta forma, os povos indígenas poderiam viver de maneira digna na reserva, protegendo a floresta e suas culturas ancestrais, em vez de ir para áreas rurais ou urbanas”, argumentou a Foret Vierge.
(Com AFP)