Parecia dia de jogo da seleção em dia de copa do mundo: perucas verde-amarelas, camisas da seleção com nome de Neymar nas costas, latinha de cerveja na mão e até vuvuzelas ecoando. Mas, na realidade, tratavam-se de protestos pela derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais, acompanhados de uma solicitação antidemocrática de intervenção militar.
VEJA foi até a manifestação que acontece nesta quarta-feira, 2, na principal avenida do Centro do Rio de Janeiro. Em frente ao Comando Militar do Leste (CML), milhares se reúnem para tentar impedir que o resultado das urnas seja respeitado. Gritos e cartazes pedem “intervenção federal” e “apoio das forças armadas”.
Apesar da aparente tentativa de reproduzir uma versão tropical da invasão trumpista ao Capitólio americano em 2021, a atmosfera dos protestos bolsonaristas é de farra. Entre um clamor pelo “salvamento da nação” e outro, ouve-se músicas populares em caixas de som.
No caminho até a concentração, famílias param para comer um churrasquinho no espeto e até tomar uma caipirinha. E, claro, não podem faltar os vídeos estilo selfie, com direito a filtro do Instagram, para mostrar onde estão.
Debaixo de forte chuva, eles prometem seguir firmes nas ruas até que suas reivindicações sejam atendidas e Bolsonaro siga no poder. O fim do feriado, no entanto, parece sugerir o contrário. Ao final da tarde, o número de manifestantes já havia diminuído consideravelmente.
Do lado de dentro do edifício, segundo apuração de VEJA, havia apenas um oficial do dia e 25 soldados. Até o momento, como recomenda a Constituição, os oficiais das Forças Armadas não se manifestaram sobre as eleições. Como organismo de Estado, elas devem obediência ao presidente da República, independentemente de orientação política ou partidária.
Conforme VEJA já revelou, nos bastidores, a cúpula da Defesa descarta qualquer movimento que coloque o resultado da eleição em dúvida.