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Acusado de matar Marielle monitorou encontro privado da vereadora

Dois dias antes do crime, ela se reuniu com seu ex-marido por três horas, em compromisso fora da sua agenda oficial

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 19 mar 2019, 16h07 - Publicado em 19 mar 2019, 15h41
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  • A Polícia Civil do Rio de Janeiro descobriu que o policial militar reformado Ronnie Lessa, preso sob acusação de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, monitorou pelo menos um encontro privado da vítima, com seu ex-marido, pouco antes de ser morta.

    O relatório final do inquérito revela que dois dias antes do crime Marielle esteve, por três horas, na casa do cientista social e economista Eduardo Alves, com quem foi casada durante sete anos. A movimentação foi acompanhada por Lessa, embora fosse um compromisso privado, fora da agenda pública da vereadora.

    “Ela estava muito tranquila, e tivemos uma conversa amigável sobre a nossa casa, sobre o que íamos fazer com a casa, essas coisas”, disse Alves, de 51 anos. “Também conversamos sobre um convite que ela tinha recebido para um doutorado”, acrescentou. As circunstâncias do monitoramento levantaram suspeitas sobre como o policial reformado teve acesso a informações a respeito da vida particular da vereadora, como o endereço do ex-marido.

    O cientista social, que já trabalhou como assessor do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), relatou que foi casado com a vereadora de março de 2010 a janeiro de 2017. Mesmo após a separação, mantinham relação de amizade. O encontro foi marcado por meio de aplicativo de mensagens. Chamou atenção que Lessa tivesse acesso a essa informação, que era privada. “Não sei se ele rastreou nossa conversa ou não, mas ela morou lá naquele endereço durante sete anos”, afirmou Alves.

    Os investigadores descobriram que em 12 de março, dia do encontro, Lessa pesquisou no Google Maps um endereço na Zona Norte do Rio. Os policiais constataram que o ex-marido de Marielle mora no endereço e que a vereadora havia estado lá naquele mesmo dia, na parte da manhã.

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    A investigação revela ainda que, no sistema de dados da inteligência estadual, chamado Portal de Segurança, o endereço ainda consta como residência de Marielle. O acesso é restrito a agentes. O uso dessa informação reservada por Lessa, que não é mais da ativa há anos, levantou dúvidas sobre como teria chegado a ela.

    “Em igual sentido”, diz o relatório, assinado pelo delegado Giniton Lages, “o mesmo endereço se encontra vinculado à vítima em outra ferramenta de pesquisa muito popular entre policiais, denominada Confirme Online”.

    O relatório conclui dizendo que “estes dados coletados de pesquisa acerca (do endereço), por si só, sem dúvida, reforçam indícios incontroversos e veementes de que Ronnie Lessa, naquele momento, realizava monitoramento e levantamento da rotina da vítima, tendentes à prática delitiva”. O inquérito mostra ainda que ela já vinha sendo monitorada em agendas públicas nos dias anteriores.

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    Prisões

    Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz foram presos na semana passada e apontados, quase um ano após o crime, como os responsáveis pelo ataque à vereadora e seu motorista. Essas foram as primeiras prisões do caso. O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse que agora as apurações continuam em uma segunda fase para tentar encontrar eventuais mandantes.

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