Piranhas atacam banhistas para ‘proteger ovos’, diz pesquisador
Cerca de vinte pessoas foram mordidas pelo animal em dezembro na prainha de Pereira Barreto (SP)

Os ataques de piranhas na prainha de Pereira Barreto (SP), às margens do Rio Tietê, assustaram banhistas. De acordo com o Corpo de Bombeiros, cerca de vinte pessoas foram mordidas somente no mês de dezembro. Para o professor e pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, Vidal Haddad Junior, o período de reprodução do animal é a principal causa.
O professor foi levado pela prefeitura de Pereira Barreto para avaliar a situação da prainha. Haddad Junior explicou que os casos não se configuram um ataque, porque as piranhas morderam apenas uma vez cada pessoa — e o ataque consiste em muitas mordidas de um cardume. “A história hollywoodiana é uma grande balela. A piranha tem uma função fundamental para o ecossistema”, afirma a VEJA.
Para se reproduzir, as piranhas procuram águas mornas, calmas e com vegetação, os aguapés, local onde elas depositam os ovos. Após a fêmea colocar os ovos, ela vai embora e o macho fica nos aguapés cuidando dos futuros filhotes. “É uma mordida de advertência para proteger os ovos. É um pai zeloso”, brinca o pesquisador.
Haddad Junior diz que a melhor prevenção às mordidas é afastar a vegetação por meio das correntezas do rio. Deste jeito, as piranhas devem ir embora com os ovos depositados. “Caso ainda fique alguma piranha na prainha, pode-se usar uma rede de afastamento para impedir o contato do animal com os banhistas”, afirma.
Funcionários da prainha instalaram placas com o aviso: “Atenção, banhista. Área sujeita a ataque de piranha. Cuidado!”. Eles também recomendam que o banhista não jogue alimentos na área. “Pessoas que jogam comida na água e que se comportam mal também contribuem para a mordida dos animais”, conclui o pesquisador da Unesp.