Perícia vai buscar sangue em objetos de suspeito por desaparecimento no AM
Secretaria de segurança deslocou perito para analisar material apreendido; homem foi preso com munição de espingarda e cocaína
O secretário de Segurança Pública do Amazonas, general Carlos Alberto Mansur, disse nesta quarta-feira, 8, que a polícia fará uma perícia para procurar vestígios de sangue em materiais encontrados com um suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista inglês Dom Phillips. O secretário ressaltou que as buscas pelos desaparecidos continuam e que as autoridades não descartaram qualquer linha de investigação no caso.
Segundo as autoridades, testemunhas viram o suspeito passar em um barco com outras pessoas, em alta velocidade, logo após Araújo e Phillips terem deixado a comunidade de São Rafael em direção a Atalaia do Norte. O secretário não informou quais objetos apreendidos serão periciados, e disse que essa informação não seria divulgada para preservar a investigação. Segundo a Polícia Civil, o suspeito se chama Amarildo da Costa Oliveira. Ele foi encontrado com munição de espingarda e uma pequena porção de cocaína, o que motivou a prisão.
“Temos material apreendido com suspeita de ter alguma ligação com o fato (desaparecimento), mas é tudo ainda suspeita”, disse Mansur. Ele também afirmou que, até o momento, não foi encontrado nenhum material que leve à suspeita de que houve crime, como sequestro ou assassinato. “O nosso trabalho forte está na busca, temos esperança de encontrá-los vivos.”
A declaração ocorreu em uma coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira, 8, com representantes de órgãos de segurança pública estaduais, da Polícia Federal, do Exército e da Marinha.
Araújo e Phillips desapareceram no último domingo, 5, durante um deslocamento para visitar comunidades ribeirinhas e indígenas no estado do Amazonas. Pereira já recebeu diversas ameaças por seu trabalho contra invasores da região do Vale do Javari, como pescadores e madeireiros, e a última ameaça ocorreu poucos dias antes do desaparecimento.
De acordo com a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas e de Recente Contato (OPI), o objetivo da viagem era visitar a equipe de Vigilância Indígena, perto do Lago do Jaburu e nas imediações de uma base de vigilância da Funai, para que Phillips pudesse entrevistar membros das comunidades locais.
A dupla viajava em uma embarcação nova e com combustível suficiente para o trajeto, chegou na noite da última sexta-feira, 3, e retornaria neste domingo, 5, para a cidade de Atalaia do Norte. Antes de chegar ao destino, segundo a Univaja e a OPI, Pereira e Phillips estiveram na comunidade São Rafael para uma reunião que o indigenista tinha agendado com um líder comunitário conhecido como Churrasco. O encontro era para “consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território bastante afetada pelas intensas invasões”.