Longe da terra natal, os venezuelanos encontraram na Região Sul a maior parte de seus novos lares – é para lá que vão quase metade dos migrantes que atravessam a fronteira em Roraima, na outra ponta do país, como mostra reportagem de VEJA desta semana.
Um em cada seis deles estão no Paraná, o estado que mais recebe imigrantes do país vizinho em todo o Brasil. Curitiba é a segunda cidade que mais recebeu venezuelanos interiorizados, atrás apenas de Manaus, um destino natural pela proximidade com o país vizinho.
O Sul ganhou importância como destino dos venezuelanos não apenas por causa das capitais, mas pelo grande número de cidades no interior que também acolhem os imigrantes. Cascavel, São José dos Pinhais e Maringá, por exemplo, também se destacam entre os principais destinos desses imigrantes.
A grande maioria trabalha na construção civil e como cozinheiros. O desempenho econômico da região explica parte do motivo para tantos venezuelanos escolherem a região. O Sul é onde o setor da construção mais cresceu nos últimos anos, segundo o IBGE. Mesmo nos pequenos municípios interioranos onde a vida é mais pacata, também há oportunidades na indústria e no setor de serviços.
Em muitos casos, eles ficam em abrigos provisórios nas próprias cidades de destino antes de serem instalados definitivamente em casas, o que também ocorreu no Paraná. Mas a interiorização também ocorre com o auxílio de ONGs que fazem a intermediação com empresas que precisam suprir a demanda por mão-de-obra. Nesse caso, a mudança para o sul só ocorre quando a contratação é confirmada, e os migrantes recebem auxílio-aluguel pelos primeiros meses e móveis doados por entidades filantrópicas. É uma forma de garantir a estabilidade das famílias por mais tempo. “Uma das formas mais interessantes de fazer essa integração socioeconômica (de migrantes) é pelo trabalho: quando a pessoa consegue ter renda, ela consegue planejar e ir atrás de outros sonhos”, explica a gerente de projeto Thais Braga, da AVSI Brasil.