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Para coordenador de projeto em MG, nada mudou desde tragédia de Mariana

Marcus Polignano, que monitora impactos ambientais em bacias hidrográficas de MG, critica fiscalização e insegurança da barragem que rompeu em Brumadinho

Por Giovanna Romano 25 jan 2019, 19h16

Para o coordenador do projeto Manuelzão, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais e que monitora os impactos ambientais em bacias hidrográficas do estado, Marcus Polignano, o rompimento de uma barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), mostra que nada mudou na atividade e na fiscalização desde o desastre de Mariana, em 2015, que contaminou 700 quilômetros do Rio Doce, desalojou 300 famílias e deixou 19 mortos.

“Depois de Mariana, não mudamos uma vírgula do processo de mineração e fiscalização. Isso não é um acidente, é uma tragédia anunciada, fruto do descaso do poder público, da falta de fiscalização e da falta de responsabilidade das empresas em realmente garantir a segurança no processo de mineração”, afirmou Polignano. A barragem VI no Córrego do Feijão, em Brumadinho, tem volume de 1 milhão de metros cúbicos de rejeito de mineração.

A barragem controlada pela Vale está classificada pela Agência Nacional de Mineração (AMN) como uma estrutura de “baixo risco”. A categoria refere-se à possibilidade de haver algum desastre e rompimento da estrutura. Por outro lado, segundo informações do Cadastro Anual de Barragens, o dano potencial que seu rompimento poderia causar é classificado como alto. A barragem da Vale está localizada em um complexo de minas e barragens de rejeitos.

Para Polignano, o tipo de barragem como a que rompeu em Brumadinho não é seguro. “A medida que a própria água se infiltra na barragem, ela pode romper com a base”, explica. “Tem tecnologia para fazer mineração a seco, que não produz essa quantidade de rejeitos liquefeitos. Mas isso custa um pouco mais caro. Prevalece o lucro sobre a segurança”, acrescenta.

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“Não houve nem precipitação pluviométrica significativa nesse momento. Nós estamos sem chuva. Isso prova que a insegurança da barragem foi total. Ela rompeu por si mesma, não houve nenhum fenômeno externo para alavancar o processo.”

Ele também vê risco de o rompimento da barragem de Brumadinho repetir os mesmos prejuízos de Mariana. “Vai ser o mesmo desastre. Vão ter perdas que serão permanentes. Uma quantidade absurda de sedimentos, não vai ser possível remover tudo igual em Mariana”, avalia. Polignano também cobra maior rigor nos processos de autorização destes empreendimentos. “Se fala cada vez mais em liberar o licenciamento, facilitar, como se isso fosse um mero papel de burocracia. É uma contradição: a realidade tem nos mostrado que se o processo não for mais cauteloso e mais seguro, o dano fica para a sociedade”.

 

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