Desde 30 de agosto praias de todos os nove estados do Nordeste — Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe —, ao longo de mais de 2 000 quilômetros, vêm sendo contaminadas por um vazamento de petróleo cru cuja origem, até a quinta-feira 10, não tinha sido identificada. O governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), decretou situação de emergência em decorrência dos danos ambientais — a foto acima revela a calamidade na Praia do Viral, em Aracaju. A radical decisão, um mês depois do início da crise, levou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, à região. Diversas instituições, como Ibama, ICMBio, Marinha e Polícia Federal, trabalham para conter os estragos causados à biodiversidade, ao mesmo tempo que investigam a origem do acidente. A suspeita é que a substância tenha vazado de algum navio. De acordo com análises da Petrobras, o material não foi produzido no Brasil. Ao sair de uma reunião para tratar do assunto no Ministério da Defesa, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que tem “no radar um país que pode ser o da origem do petróleo”. A desconfiança é que a sujeira tenha vindo da Venezuela. Ambientalistas e cientistas vêm colaborando com os órgãos públicos no atendimento à fauna. Dezesseis tartarugas foram encontradas oleadas — onze delas morreram. As sobreviventes precisam passar, agora, por um intenso processo de descontaminação. O real (e imenso) impacto sobre a natureza, no entanto, só será possível medir dentro de alguns meses, quando o desastre for, enfim, contornado.
Publicado em VEJA de 16 de outubro de 2019, edição nº 2656