A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou na noite desta sexta-feira, 7, que o número de mortos na operação realizada na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte da capital, subiu de 25 para 28. A corporação ainda não divulgou oficialmente os nomes dos mortos e nem os seus supostos antecedentes criminais, mas afirmou que as três novas vítimas morreram nos hospitais para onde foram levadas depois do tiroteio. Do total, agora, dois são policiais. Durante o dia, moradores do local realizaram dois protestos pedindo por Justiça.
O governador Cláudio Castro (PSC), após receber críticas por não se manifestar sobre o caso, decidiu comentar a ação policial na comunidade. Castro disse que conversou com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, e determinou transparência. Fachin fez um alerta sobre a gravidade da operação da Polícia Civil. Em ofício encaminhado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, Fachin fala em “execução arbitrária”. O magistrado analisará um pedido que aponta que a polícia descumpriu a decisão que proíbe operações nas favelas durante a pandemia de Covid-19.
“Antes de mais nada, é preciso deixar claro que a operação de ontem (quinta-feira, 6), realizada pela Polícia Civil, foi o fiel cumprimento de dezenas de mandados expedidos pela Justiça. Foram dez meses de trabalho de investigação que revelaram a rotina de terror e humilhação que o tráfico impôs aos moradores. Crianças eram aliciadas e cooptadas para o crime. Famílias inteiras eram expulsas de suas casas e mortas. A reação dos bandidos foi a mais brutal registrada nos últimos tempos. Armas de guerra prontas para repelir a ação do estado e evitar as prisões a qualquer custo”, afirmou o governador.
A operação da Polícia Civil no Jacarezinho é alvo de uma investigação independente do Ministério Público. A ação ganhou repercussão negativa de entidades por causa do número de mortos. Em entrevista coletiva na quinta-feira, 6, a cúpula da Secretaria de Polícia Civil afirmou que não houve execuções.
“Hoje conversei com um procurador-geral da república, o doutor Augusto Aras, com o ministro do Supremo Tribunal Federal, doutor Edson Fachin, com o procurador geral de justiça do Rio doutor Luciano Matos e com o defensor Público doutor Rodrigo Pacheco. Tenho certeza, o governo do Estado é o maior interessado em apurar as circunstâncias dos fatos”, encerrou Castro.