Ninguém quer presos mortos, mas é o habitat deles, né?, diz Bolsonaro
Ao comentar massacre em Altamira (PA), presidente afirma que implantar trabalho forçado em presídios, o que é vetado pela Constituição, é seu ‘sonho’
O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quarta-feira, 31, o trabalho forçado para preso no Brasil. Ele ponderou que a Constituição proíbe tal penalidade, mas disse que é seu “sonho” a existência de presídios agrícolas no país.
Ele também afirmou que os quatro presos que estariam envolvidos no massacre de Altamira (PA), ocorrido na segunda-feira 29, e que foram mortos na noite desta terça-feira por sufocamento dentro do caminhão-cela que os transferia para unidades de Belém (PA), morreram porque “com toda certeza, deviam estar feridos”.
“Eu sonho com um presídio agrícola. É cláusula pétrea (da Constituição), mas eu gostaria que tivesse trabalho forçado no Brasil para esse tipo de gente, mas não pode forçar a barra. Ninguém quer maltratar presos nem quer que sejam mortos, mas é o habitat deles, né?”, disse Bolsonaro, ao fim de uma cerimônia em que assinou o contrato de concessão de trechos da ferrovia Norte-Sul em Anápolis (GO).
Indagado sobre as mortes dos quatro presos, Bolsonaro respondeu que “problemas acontecem”. “Porque uma ambulância, quando pega uma pessoa até doente no caminho, ela pode vir a falecer. O que eu pretendo fazer? … Pessoal, problemas acontecem, está certo? Se a gente puder, eu vou conversar com o ministro Sergio Moro nesse sentido”, disse.
O presidente afirmou ainda ter pena dos familiares das vítimas do massacre e defendeu que haja mais “autoridade” em cima dos presos. “A gente espera que seja resolvida essa questão. Se a gente pudesse obrigar o trabalho, mas se pudéssemos ter uma autoridade em cima do presidiário, como o americano tem, seria muito bom para nós”, afirmou.
À pergunta se haverá ajuda federal para o caso, Bolsonaro respondeu que já existe o fundo penitenciário.
Mortos
Com o assassinato destes quatro presos, o número de vítimas do massacre do Centro de Recuperação Regional de Altamira, no sudoeste do Pará, sobe para 62 pessoas. É a maior chacina relacionada a presídios do país neste ano e a maior desde as 111 mortes no complexo do Carandiru, em 1992.
(Com Estadão Conteúdo)