‘Não estou nem aí’, diz juiz que recebeu R$ 503 mil em julho
No seu aniversário de 47 anos, magistrado do Mato Grosso é contemplado com pagamento de diferenças relativas a período em que atuou em tribunais superiores
O juiz Mirko Vincenzo Giannotte, titular da 6ª Vara de Sinop (MT), cidade a 477 quilômetros de Cuiabá, recebeu em julho mais de meio milhão de reais, precisamente R$ 503.928,79, em salário. O magistrado disse que “não está nem aí” com a polêmica em torno de seu contracheque e que o pagamento “é justo, dentro da lei”.
Em valores líquidos, o holerite do juiz ficou em R$ 415.693,02. O dinheiro caiu na conta de Mirko no dia 20 de julho, data de seu aniversário de 47 anos. “Foi um belo presente, uma coincidência”, declarou o magistrado ao jornal O Globo. Os dados constam no Portal da Transparência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
O rendimento foi excepcional porque embutiu o pagamento de diferenças relativas a períodos em que o magistrado atuou em instâncias superiores, substituindo outros magistrados, sem ter recebido a diferença relativa à substituição. Em junho, por exemplo, Giannotte recebeu R$ 53.432,92 líquidos – o valor bruto foi de R$ 65.872,83. Segundo a Coordenadoria de Comunicação do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), o pagamento das diferenças em julho foi autorizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Ao jornal O Globo o magistrado declarou que o valor representa “justa reparação” pelos anos em que deu expediente em comarcas superiores, recebendo subsídios como juiz de primeira instância. “Eu não tô nem aí. Eu estou dentro da lei e estava recebendo a menos. Eu cumpro a lei e quero que cumpram comigo”, afirmou.
Em suas contas, ele ainda tem a receber outros passivos acumulados que, segundo ele, chegam a R$ 750 mil. “O valor será uma vez e meio o que eu recebi em julho. E, quando isso acontecer, eu mesmo vou colocar no Facebook”, disse Giannotte, que afirmou ser “famoso” por trabalhar até de madrugada.
(Com Estadão Conteúdo)