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MPF denuncia Sérgio Cabral pela 11ª vez na Lava Jato

Acusação é de lavagem de dinheiro por meio da compra de joias. Cabral já foi condenado a 14 anos e 2 meses e será julgado em pelo menos outros 9 processos

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 21h05 - Publicado em 19 jun 2017, 14h50
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  • Réu em nove processos da Operação Lava Jato e já condenado a 14 anos e dois meses de prisão pelo juiz federal Sergio Moro, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) pode ser colocado no banco dos réus pela 11ª vez. O Ministério Público Federal do Rio denunciou à Justiça na última sexta-feira Cabral, a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo e os operadores Carlos Emanuel de Carvalho Miranda e Luiz Carlos Bezerra por crimes de lavagem de dinheiro na compra de 4,5 milhões de reais em joias na joalheria de luxo H.Stern, entre 2009 e 2014.

    O MPF afirma que o dinheiro utilizado nas aquisições foi pago em propina ao ex-governador pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, responsáveis pelas obras do PAC das Favelas, do Arco Metropolitano, da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 e da linha 4 do metrô.

    Cabral já havia sido denunciado na Lava Jato duas vezes por lavar dinheiro por meio da compra de joias e bens de luxo. A acusação encaminhada ao juiz federal Marcelo Bretas na última sexta-feira foi elaborada a partir do acordo de leniência firmado pela H.Stern, em que funcionários da joalheria detalharam como as compras eram feitas.

    A diretora comercial da unidade da joalheria em Ipanema, Maria Luíza Trotta, disse aos investigadores que, uma vez escolhidas por Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, as joias eram compradas por Carlos Miranda e Carlos Bezerra, que agendavam datas para fazer os pagamentos. Bezerra e Miranda são apontados pelas investigações da Lava Jato no Rio como dois dos principais operadores financeiros do ex-governador.

    “As aquisições eram feitas com o propósito indisfarçável de lavar o dinheiro sujo angariado pela organização criminosa, com pagamentos em espécie, por intermédio de terceiros, ou compensando valores de outras joias, sem emissão de notas fiscais e sem emissão de certificado nominal da joia”, sustentam os procuradores do MPF.

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    Entre as joias compradas por Sérgio Cabral na H.Stern para lavar dinheiro de propina (veja galeria abaixo) estão um par de brincos de ouro branco de 18 quilates, comprado por 1,3 milhão de reais; dois pares de brincos de ouro de 18 quilates, adquiridos por 1,8 milhão de reais e 262.200 reais; um anel de ouro de 18 quilates, avaliado em 1,1 milhão de reais; e um conjunto de pulseira, brincos e anel de ouro de 18 quilates, cravejados com diamantes, pelos quais o casal pagou 107.100 reais.

    ‘Ganância desmedida’

    Na última terça-feira, o juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba, condenou Sérgio Cabral a 14 anos e dois meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Foi a primeira sentença proferida contra o peemedebista no âmbito da Operação Lava Jato.

    No processo, o governador é acusado de receber cerca de 2,7 milhões de reais de propina da empreiteira Andrade Gutierrez referente às obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras, entre 2007 e 2011.

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    Em seu despacho, Moro afirmou que o esquema no Comperj está inserido num contexto de “cobrança de propina sobre toda obra realizada no Rio”, o que indica “ganância desmedida” por parte dos réus. Ele ainda apontou como elemento agravante a “situação falimentar” do Estado, “com sofrimento da população e dos servidores públicos”. “Embora resultante de uma série de fatores, [a crise] tem também sua origem na cobrança sistemática de propinas pelo ex-governador e seus associados, com impactos na eficiência da Administração Pública e nos custos dos orçamentos públicos”, escreveu o juiz.

    Além de Cabral, também foram condenados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro o ex-secretário de Governo do Rio Wilson Carlos Cordeiro de Silva Carvalho — a dez anos e oito meses de reclusão — e Carlos Miranda — a doze anos.

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