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Morre a economista Maria da Conceição Tavares, aos 94 anos

Referência no debate econômico e conhecida pelo pensamento desenvolvimentista, formou uma geração de profissionais que tem decidido o rumo do país

Por Sofia Cerqueira Atualizado em 8 jun 2024, 14h18 - Publicado em 8 jun 2024, 12h56
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  • Um dos grandes nomes do pensamento desenvolvimentista e referência no debate econômico no país durante décadas, Maria da Conceição Tavares morreu neste sábado, 8, em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, aos 94 anos. A economista que era portuguesa de nascimento, mas adotou o Brasil como sua terra, ajudou a formar uma geração de economistas que têm ditado os rumos do setor econômico do país ao longo dos últimos anos.

    Maria da Conceição Tavares, que teve papel crucial no debate econômico brasileiro, sobretudo no período da redemocratização, a partir dos anos 1980, tem um longo currículo que deixa clara a sua importância. Ela participou da elaboração do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, foi professora titular da Universidade de Campinas (Unicamp) e docente emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), foi deputada federal pelo partido entre 1995 e 1999. A economista deixa dois filhos, Laura e Bruno, dois netos, Ivan e Leon, e o bisneto Théo. A família não divulgou a causa da morte.

    No início desta tarde, o presidente Lula fez uma homenagem à economista em suas redes sociais, no qual descreve a importância que Maria da Conceição Tavares teve para o país: “Foi uma economista que nunca esqueceu a política e a defesa de seu desenvolvimento econômico com Justiça social”.  E, na sequência diz: “Escreveu centenas de artigos e muitos livros. Até hoje suas aulas são consultadas pelso jovens em vídeos  na internet, pela sua fala sempre franca e direta”. Na postagem diz ainda relata ainda o privilégio de ter convivido com ela. “Tive o prazer e a honra de conviver e conversar muito com minha amiga ao longo dos anos, debatendo o Brasil e os nossos desafios sociais e econômicos no Instituto Cidadania, em conversas no Rio de Janeiro ou em viagens pelo Brasil”, contou.

    Maria da Conceição Tavares, chegou ao Brasil em 1954 e três anos depois se naturalizou. Veio para o país para fugir da dituadura Salazarista de Portugal.  Forte, intensa e sem papas na língua, assim ela sempre foi descrita por amigos e adversários políticos. Lutou pelo avanço do país na sua área, combateu a política econômica do regime militar e ainda ficou conhecida por sua oposição aos planos liberais, com os dos governos de Fernando Henrique Cardoso. Na década de 1980 chegou a chorar diante das câmeras de televisão na defesa do Plano Cruzado, em um de seus momentos icônicos, quando houve a euforia do congelamento de preços e a crença de que, finalmente, a inflação seria estancada.

     Os benefícios que aquelas medidas trariam para a população do país, como falou à época, foi o que motivou sua defesa emocionada. “Pela primeira vez se fazia um plano anti-inflacionário que não prejudicava o trabalhador. Isso é comovedor, todos os outros, como este agora também (referindo-se ao ajuste fiscal promovido em 2015), provocaram recessão, desemprego e queda de salários”, declarou.

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    Durante a trajetória, a economista também precisou exilar-se no Chile durante a ditadura militar. No país, trabalhou na Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). Na ocasião, ganhou projeção como sendo a principal defensora e estudiosa do modelo nacional desenvolvimentista, com substituição de importações. Com formação em Ciências Matemáticas, Maria da Conceição Tavares também trabalhou no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

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