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Maior meteorito encontrado no Brasil, Bendegó resiste ao incêndio

Rocha foi encontrada na Bahia no século XVIII e estima-se que tenha 4,5 bilhões de anos; ainda não se sabe quais outras peças do acervo foram salvas

Por Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 17h28 - Publicado em 3 set 2018, 10h27

O meteorito Bendegó, encontrado no Sertão da Bahia em 1784, conseguiu resistir ao incêndio que atingiu o Museu Nacional na noite de domingo (2), no Rio de Janeiro. A pedra de 5,36 toneladas, levada ao local a mando do imperador dom Pedro II em 1888, estava posicionada no saguão de entrada da instituição e é o maior meteorito já encontrado no Brasil.

A rocha é oriunda de uma região do Sistema Solar entre os planetas Marte e Júpiter e tem cerca de 4,56 bilhões de anos. Na época do achado, era o segundo maior do mundo. Atualmente, ocupa a 16ª posição. 

O Meteorito Bendegó no Museu Nacional
O Meteorito Bendegó no Museu Nacional, antes do incêndio (Museu Nacional/Divulgação)

Segundo José Luiz Pedersoli Júnior, químico e especialista em gestão de risco e patrimônio cultural, rochas, como o meteorito, são peças que devem sobreviver ao incêndio. “O meteorito não é um material combustível, ou seja, ele não reage ao oxigênio do ar e não responde ao processo de combustão. Ele já entra na atmosfera pegando fogo. Então, o que tinha para ser queimado nele, já foi”, diz. Segundo Pedersoli, outros materiais do acervo, feitos de vidro e cerâmica, podem ter sobrevivido ao fogo, pois também não são combustíveis — contudo, peças do tipo podem ter quebrado ou sido danificadas pela fuligem.

Ainda não há um levantamento oficial sobre quais outras peças do acervo, composto por 20 milhões de itens, resistiram às chamas ou foram salvas antes de o fogo consumir o museu. A vice-diretora da instituição, Cristina Serejo, afirmou que uma coleção de invertebrados escapou do fogo, pois fica em um prédio anexo, que não foi afetado pelas chamas. O museu tem três andares e prédios anexos, localizados na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na zona norte da capital.

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Acervo

O maior tesouro do Museu Nacional é o esqueleto mais antigo já encontrado nas Américas, com cerca de 12.000 anos de idade. Achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974, trata-se de uma mulher que morreu entre os 20 e os 25 anos de idade e foi uma das primeiras habitantes do Brasil.

A primeira réplica de um dinossauro de grande porte já montada no Brasil é outra das maiores atrações do Museu Nacional. Tanto assim que o Maxakalisaurus topai, um herbívoro de 9 toneladas e 13 metros de comprimento, tem uma sala só para ele. O dinossauro viveu há cerca de 80 milhões de anos na região do Triângulo Mineiro.

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As múmias também estão entre os grandes destaques do acervo. O corpo mumificado de um índio Aymara, grupo pré-colombiano que vivia junto ao Lago Titicaca, entre o Peru e a Bolívia, abria a série de múmias andinas do Museu Nacional. Trata-se de um homem, de idade entre os 30 e os 40 anos, cuja cabeça foi artificialmente deformada, uma prática comum entre alguns povos daquela região. Os mortos Aymara eram sepultados sentados, com o queixo nos joelhos e amarrados. Uma cesta era tecida em volta do defunto, deixando de fora apenas as pontas dos pés e a cabeça.

O Museu Nacional tem a maior coleção de múmias egípcias da América Latina. A maior parte das peças foi arrematada por dom Pedro I, em 1826. São múmias de adultos, crianças e também de animais, como gatos e crocodilos. A maioria é proveniente da região de Tebas. Lápides com inscrições em hieróglifos também fazem parte da coleção.

Os fósseis da preguiça-gigante e do tigre-de-dente-de-sabre que viveram há mais de 11.000 anos são dois expoentes do período da megafauna brasileira e encantam as crianças há décadas, muito antes de as primeiras réplicas de dinossauros serem montadas no museu. Diferentemente dos dinossauros, os animais da megafauna conviveram com os homens pré-históricos. A preguiça-gigante chegava a ter o tamanho de um carro como o Fusca. “A preguiça foi, durante muito tempo, o maior organismo fóssil montado”, conta Alex Kellner. “Fiquei com o coração partido, ainda criança quando descobri que não era um dinossauro.”

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O trono do rei de Daomé está na coleção do Museu Nacional desde 1818. O reino da África, criado no século XVII, se situava onde hoje está o Benin e durou até o fim do século XIX. A peça foi uma doação dos embaixadores do rei Adandozan (1797-1818) ao príncipe regente dom João VI. O reino ficou conhecido por ter um exército formado por mulheres guerreiras.

O Museu Nacional tem uma coleção significativa de peças indígenas, mostrando a importância desses povos na formação do País. Um dos maiores destaques são as máscaras feitas pelos índios Ticuna, que representam entidades sobrenaturais e são usados no “ritual da moça nova”, que marca a primeira menstruação das meninas e sua entrada na vida adulta.

A Biblioteca Central do Museu Nacional foi criada em julho de 1863 e uma das maiores da América Latina na área de ciências antropológicas e naturais. São mais de 500.000 títulos, entre eles obras raras, como a publicação Historia Naturale, de autoria de Plínio, o Velho, datada de 1481 — a obra mais antiga da coleção.

 

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