A maioria dos moradores de São Paulo aprova a maneira como foi feita a operação policial na cracolândia e defende a internação à força para tratamento de usuários de crack, apesar de acreditar que não é possível solucionar o problema na cidade. É o que mostra pesquisa Datafolha divulgada no sábado 3.
De acordo com a pesquisa, 60% disseram apoiar a operação, mesmo com 53% acreditando que houve violência contra os usuários na ação. A pesquisa foi feita na quinta-feira 1 e ouviu 1.125 pessoas na cidade. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Há 11 dias, uma operação policial sob o comando do governador Geraldo Alckmin (PSDB) prendeu 38 traficantes e desobstruiu as vias da região da cracolândia, com a destruição de barracas de feira onde eram comercializados 19 quilos de crack por dia.
O prefeito João Doria (PSDB) chegou a dizer que a cracolândia havia acabado, mas o fluxo de usuários migrou nos dias seguintes para a Praça Princesa Isabel, a 400 metros do antigo ponto.
Apesar de Alckmin ser o responsável pelo comando das polícias, apenas 9% da população atribui a ação a ele. Para 60%, Doria foi o responsável pela operação, e 18% acreditam que a operação deve ser atribuída aos dois tucanos.
O desempenho de Doria na ação é visto como ótimo ou bom por 48% das pessoas — 23% consideraram ruim ou péssimo. Enquanto isso, o desempenho de Alckmin é avaliado como ótimo ou bom por 29%, e ruim por 33% delas.
A pesquisa também avaliou a aprovação da população a outras medidas que foram adotadas após a operação policial. Nos dias seguintes à ação, a gestão Doria teve pressa em adotar medidas para conter a movimentação dos usuários, como a demolição de imóveis que eram usados pelo tráfico na região da cracolândia. A primeira demolição, no entanto, feriu três pessoas e a ação foi vetada pela Justiça — a iniciativa é aprovada por 55% dos moradores.
Outra aposta de Doria foi procurar a Justiça para obter a autorização de recolher à força usuários e levá-los para tratamento médico. A medida foi barrada pelo Tribunal de Justiça. Segundo a pesquisa, 80% da população defende a internação de dependentes de crack mesmo contra a vontade deles.
Para 71% a operação pode provocar uma temporária redução do consumo de crack, mas não uma busca pelo abandono do vício. E 74% acreditam que os usuários precisam de mais força de vontade do que tratamento médico para abandonar o vício. Metade acredita que seja impossível acabar com o tráfico e o uso de crack na cidade.
(Com Estadão Conteúdo)