Enquanto parte do PT do Rio sonha com uma candidatura a vice-prefeito na chapa de Eduardo Paes (PSD), o deputado federal Lindbergh Farias, uma das lideranças petistas no Rio, atua para atrair uma parcela da militância mais à esquerda, para o lado de Tarcísio Motta, pré-candidato do PSOL.
No último domingo, 30, o parlamentar lançou durante festa na AABB da Tijuca o que chama de movimento “Petistas com Tarcísio”, expondo o racha dentro do PT, como mostra vídeo compartilhado nas redes. Em paralelo, nomes da legenda no Rio travam uma corrida para fazer dobradinha com Paes, que tentará a reeleição.
Estão na disputa pelo posto André Ceciliano, ex-presidente da Alerj, que deixou o cargo de secretário Especial de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República e já fala como pré-candidato a vice, apoiado pelo ministro Alexandre Padilha; Adilson Pires, vice do atual prefeito no segundo mandato e que foi exonerado da Secretaria municipal de Assistência Social; e Tainá de Paula, vereadora e ex-secretária municipal de Meio Ambiente, ligada a Benedita da Silva.
Veja o vídeo
“Na eleição de primeiro turno, temos que apresentar as nossas propostas de esquerda. E nós estamos preparando o movimento Petistas com Tarcísio, porque nosso objetivo é colocar alguém da esquerda no segundo turno”, afirmou Lindbergh, durante a festa de aniversário da pré-candidata a vereadora pelo PT Fátima Lima, completando: “Vamos disputar. Quem disse que está certo que é a extrema direita que vai para o segundo turno com Eduardo Paes? Tem que ser nós, com discurso e programa de esquerda para o município do Rio”.
Quem estava na festa?
Entre os políticos petistas que aparecem nas imagens da festa estão a deputada estadual Marina do MST e o ex-deputado estadual Waldeck Carneiro. No entanto, grande parte do partido no Rio diz que seguirá com Paes na campanha deste ano, mesmo que o vice da chapa não seja do PT.
Há concorrência?
Além de nomes do PT, representantes do PDT e do próprio PSD também estão na disputa. Estão em jogo o comando da prefeitura em 2026 — um “presente” praticamente certo para o vice caso Paes saia vitorioso este ano — e o arco de alianças na disputa pelo Palácio Guanabara e em prol do presidente Lula no estado, onde o PT enfrenta dificuldades frente ao bolsonarismo.
O político do PSD, que nos bastidores já deixou claro sua preferência por uma chapa puro-sangue e que teme nacionalizar a campanha, só baterá o martelo sobre quem o acompanhará no processo perto do prazo final de registro, em agosto, baseado em pesquisas. A opinião do eleitorado tanto em relação aos nomes do PSD no tabuleiro quanto sobre a aceitação do bolsonarista Alexandre Ramagem (PL), delegado da PF lançado como pré-candidato por Bolsonaro, guiarão a decisão final.
A intenção de Paes — que se identifica hoje como de centro — é formar uma frente ampla, reforçando a sua marca de político do Rio, apesar da ligação com Lula. Estão na aliança com Paes PT, PCdoB, PV, PDT, Avante e Solidariedade. A opção número um do prefeito é o deputado federal Pedro Paulo (PSD), amigo e fiel escudeiro há quase 30 anos. Em comum acordo com Paes, homens de sua confiança do PSD que estavam no governo se desincompatibilizaram para servir como plano B: Eduardo Cavaliere e Guilherme Schleder, ex-secretários da Casa Civil e de Esportes, respectivamente. Ainda está no páreo o presidente da Câmara de Vereadores, Carlo Caiado, que também preside o partido no Rio. Já no PDT, a deputada estadual Martha Rocha foi lançada pré-candidata a vice de Paes pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi.