O suposto líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) na Baixada Santista, Wagner Ferreira da Silva, conhecido como Cabelo Duro, executado nessa quinta-feira, 22, em São Paulo, era suspeito de participar dos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, no último final de semana. A Justiça do Ceará, onde Gegê e Paca foram mortos, havia expedido mandado de prisão temporária contra Cabelo Duro e outras cinco pessoas.
Além dele, os outros suspeitos das mortes dos líderes do PCC são Francisco Cavalcante Cidro Filho José Cavalcante, Samara Pinheiro de Carvalho, Magna Ene de Freitas e Felipe Ramos Morais. Este último é apontado como o piloto do helicóptero que levou Gegê e Paca para serem mortos em Lagoa Encantada, na reserva indígena Jenipapo Kanindé, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Felipe Morais já é conhecido pela polícia cearense. Em 2014, foi condenado à prisão por tráfico internacional de drogas e associação ao tráfico depois de ser preso, em 2012, com um grupo que transportava 174,8 quilos de pasta-base de cocaína vinda da Bolívia. A droga estava dentro de seis sacos de ráfia. Um dos réus disse, na época, que Felipe e outros dois pilotos presos com ele receberiam 700 reais por quilo transportado.
Ao determinar as prisões de Wagner Ferreira da Silva, Morais e os outros três, a juíza da 1ª Vara da Comarca de Aquiraz afirma tratar-se de “representação por prisão temporária, postulado pela autoridade policial da Delegacia de Representação às Ações Criminosas, com objetivo de elucidar as circunstâncias em que ocorreu o duplo homicídio”.
Cabelo Duro foi citado em bilhete apreendido pela Polícia no domingo, 18, na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (veja abaixo). Ele foi morto na noite dessa quinta, com tiros de fuzil, na frente do hotel Blue Tree Towers, na zona leste da capital paulista.
Apreendido por agentes penitenciários com o parente de um preso, o bilhete indica que Marcola, chefe do PCC, mandou matar Gegê e Paca, acusados de roubar 20 milhões de reais da organização criminosa e comprar imóveis no Ceará e fazendas na Bolívia. Segundo o bilhete, a operação para matar os dois foi organizada por Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”. Hoje sócio de Marcola, ele era o gerente dos negócios do líder do PCC no Paraguai.
Cabelo Duro é citado duas vezes no bilhete: “Ontem, fomos chamados em umas ideias, aonde nosso irmão Cabelo Duro deixou ‘nois’ ciente que o Fuminho mandou matar o GG e o Paka. Inclusive o irmão Cabelo Duro e mais alguns irmãos são prova que os irmãos estavam roubando (sic)”. Ele foi assassinado hora s depois de o bilhete ser divulgado.
‘Não haverá guerra’, diz secretário de Segurança
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, disse nesta sexta-feira que não acredita que as mortes de integrantes do PCC deflagrarão uma “guerra” no estado. “É evidente que há um desentendimento. Mas não acreditamos que haverá a guerra, uma guerrilha, no estado. Os reflexos são mais ligados aos próprios integrantes da facção”, afirmou Barbosa Filho.
Ele confirmou que a principal linha de investigação da morte de Cabelo Duro aponta para uma ligação com os assassinatos de Gegê do Mangue e Paca. O secretário disse acreditar que os investigadores devem pedir a prisão de Fuminho, apontado no bilhete como mandante dos crimes.
Mágino Barbosa Filho declarou ainda manter contato com a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) para monitorar os atos do PCC dentro das cadeias paulistas. “Tenho falado com o Lourival (Gomes, secretário da SAP) e não estamos detectando nenhum tipo de anormalidade no sistema prisional. Isso não nos causa inquietação com relação ao risco de movimentos maiores”, disse.
O titular da pasta da Segurança Pública de São Paulo acrescentou que o setor de inteligência e o Departamento de Investigações Criminais (Deic) estão auxiliando as autoridades cearenses a apurarem o duplo assassinato da semana passada.