Juiz solta cinco suspeitos de assalto milionário no Paraguai
Cinco suspeitos de megarroubo a transportadora de valores em Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu, ganham liberdade por ordem da Justiça
A Justiça do Paraná soltou nesta quarta-feira cinco suspeitos de integrar a quadrilha que explodiu uma transportadora de valores em Ciudad del Este, no Paraguai, roubou uma quantia milionária e fuzilou um policial que trabalhava como segurança. Eles haviam sido presos na operação de captura conjunta das polícias brasileiras, no interior do Paraná, supostamente em fuga do país vizinho.
A decisão foi do juiz Ariel Nicolai Cesa Dias, de Foz do Iguaçu. O magistrado entendeu que pelo menos três prisões foram ilegais e mandou expedir alvará de soltura. Contra dois suspeitos, ele reconheceu o flagrante por receptação de um carro roubado, mas determinou que respondam em liberdade. Nenhum deles portava armas ou dinheiro roubado quando do flagrante, apesar de terem sido abordados em situação suspeita. Todos negaram o crime. O juiz não citou na decisão nenhum vínculo provado deles com o assalto em solo paraguaio.
Conforme a Polícia Federal, chegava a quinze o número de presos nesta quarta-feira, suspeitos de envolvimento no assalto à Prosegur, de onde foram levados cerca de 8 milhões de dólares – 1,5 milhão recuperados por agentes policiais no Brasil. Suspeita-se que a quadrilha responsável pelo megarroubo tenha mais de cinquenta integrantes e vínculos com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Três criminosos morrem em tiroteios no lado brasileiro da fronteira. As buscam continuam.
O juiz aplicou medidas cautelares a outros dois suspeitos presos em flagrante – Jonh Cleiton Schmidt Weis e Lucas Fernando Ferreira Rocha, que cumpria pena, dirigiam um Ford Focus roubado na sexta-feira passada, com uma máscara no porta-luvas. Eles foram libertados com o compromisso de comparecerem a todos os atos do processo e de não se ausentarem de casa por mais de oito dias sem anuência da Justiça.
Os demais – Marcio Jose Pereira, Douglas Bazzo e Paulo Vitor dos Santos – haviam embarcado num táxi com destino a Céu Azul sem carteira ou telefone celular, e não pagaram a corrida. Abordados nas imediações da cidade pela patrulha que buscava os assaltantes, eles deram versões conflitantes e disseram que iriam comprar maconha em São Miguel do Iguaçu (por onde parte da quadrilha escapou) e o pagamento seria um carro Chevrolet Monza. Eles não portavam drogas, e deram o endereço de Schimidt Weis e Ferreira Rocha aos policiais quando foram questionados sobre a localização do Monza.
“Não obstante tenham sido abordados em situação suspeita, fato é que nada de ilícito com eles foi encontrado, não estando caracterizada qualquer situação de flagrância com relação a eles. Num Estado de Direito não existe espaço para prisões em flagrante embasadas em ilações hipotéticas desprovidas de provas concretas, como as arbitrariamente realizadas no caso concreto”, escreveu o juiz Ariel Nicolai Cesa Dias.