Primeiro papa a visitar o Brasil em 1980, João Paulo II fez história ao incluir, em seu périplo pelo Rio de Janeiro, as ladeiras íngremes e estreitas do Vidigal. A encosta, à época repleta de barracos de madeira, ganhou fama e os moradores passaram a guardar um anel do pontífice, doado durante a visita. Trinta e três anos depois, a vinda do papa Francisco ao Rio também prevê a incursão da comitiva por favelas. Mas desta vez com alguns significados a mais. Um deles, o momento diferente da criminalidade na cidade – com praticamente todos os morros da Zona Sul ocupados pela polícia. O outro, o legado que a Igreja Católica estabeleceu como prioridade da Jornada Mundial da Juventude: o combate às drogas e, especialmente, ao crack, que atinge milhares de adolescentes e crianças nas grandes cidades brasileiras.
De acordo com a Arquidiocese do Rio, será criado na cidade um centro de referência no tratamento para dependentes de drogas. E o papa Francisco deverá conhecer a região onde se formou a maior cracolândia do Rio, junto às favelas de Manguinhos e do Jacarezinho, na Zona Norte – ocupadas pela polícia em outubro de 2012. As duas estão na lista de locais previstos para receber o pontífice.
Tema em Foco: Jornada Mundial da Juventude
O roteiro de Francisco no Rio será definido na próxima semana, com a visita de Alberto Gasbarri, chefe no Vaticano do departamento que se dedica às viagens internacionais. Gasbarri esteve no Brasil durante a vinda de João Paulo II e na visita de Bento XVI a Aparecida. Em janeiro deste ano, desembarcou na cidade-sede da jornada para visitar alguns locais cotados para a aparição do papa, como o Cristo Redentor. Agora, ele é quem vai definir a programação do pontífice, além dos atos oficiais que já estão confirmados.
Por enquanto, sabe-se que os pontos principais da JMJ são as celebrações de Copacabana, onde um coral vai recepcionar o papa e abrigar a via-sacra, e a vigília para cerca de 1 milhão de pessoas, em Guaratiba, a 60 quilômetros do centro do Rio.
O público total esperado para a JMJ é de cerca de 2 milhões de pessoas, com predominância de católicos de outros estados e fiéis latino-americanos. Entre os visitantes estrangeiros, espera-se um contingente representativo de argentinos, para festejar a primeira viagem internacional do papa de sua nacionalidade.
João Paulo II – Na visita de João Paulo II ao Brasil, em 1980, o pontífice havia demonstrado o desejo de conhecer uma favela. Um dos fatores que contribuíram para a escolha do Vidigal, morro localizado no Leblon, foi a existência de projetos sociais da Igreja católica no local. Assim que ficou decidida a favela, uma série de obras desembarcou por lá. O Vidigal ganhou postes de luz, novas lixeiras e corrimão. O papa entrou em um barraco, tomou café com o dono da casa e logo o morro ganhou fama no mundo. Preocupada com a segurança de João Paulo II, a pastoral chegou a elaborar um protocolo para os moradores que, entre as orientações, dizia para os moradores não correrem, não convidarem pessoas de fora para ir à favela no dia da visita do papa e fazer o possível para o pontífice se sentir em casa.
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