Duas investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) têm deixado apoiadores do presidente Jair Bolsonaro de cabelo em pé. A primeira, instaurada em março do ano passado, apura uma rede de propagação de fake news e de ameaças contra membros da corte. A segunda, iniciada em abril deste ano, tenta desmantelar um grupo de pessoas responsáveis por atos antidemocráticos. Os dois inquéritos, que atingiram aliados do governo, podem ser unificados — e assim ganhar mais força.
“Muitos investigados estão envolvidos em ambos os casos. O modus operandi é muito parecido. Desde o início, eu afirmava que, em um determinado momento, iríamos juntar essas duas investigações. E esse momento vem chegando”, disse a VEJA o ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator dos dois inquéritos.
De acordo com o magistrado, as investigações identificaram três frentes de atuações dos suspeitos. O primeiro núcleo era o operacional, em que as pessoas atuavam para repassar notícias falsas ou plantar manifestações contra o regime democrático. O segundo envolvia a participação de políticos, com o apoio de parlamentares. Já o terceiro era o braço financeiro em que já há sinais de um esquema complexo de lavagem de dinheiro e até de financiamento de campanhas eleitorais.
Nas próximas semanas, o ministro Alexandre de Moraes deverá receber um relatório da Polícia Federal com dezenas de depoimentos de testemunhas do inquérito de atos antidemocráticos e analisar se o caso deverá se fundir com a investigação das fake news. Na prática, isso significa que haverá maior concentração de esforços para identificar e punir os responsáveis por trás da rede de propagação de notícias falsas e de ataques ao STF.