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Índios suspendem pedágio e voltam às aldeias no AM

Indígenas foram banidos da cidade pelos moradores de Humaitá (AM) após o desaparecimento de três moradores na reserva Tenharim

Por Da Redação
30 dez 2013, 16h21

Os 140 índios que estavam sob a proteção do Exército no 54º Batalhão de Infantaria de Selva desde o ataque às instalações indígenas dm Humaitá, na última semana, foram levados de volta às suas aldeias na Terra Indígena Tenharim Marmelos, no sul do Amazonas. A operação ocorreu na madrugada desta segunda-feira por determinação da Justiça Federal, que exigiu da União e da Fundação Nacional do Índio (Funai) a adoção de medidas de proteção aos índios. Os caciques de cinco aldeias concordaram em suspender a cobrança de pedágio na rodovia Transamazônica (BR-230) enquanto a força-tarefa formada por homens do Exército, Força Nacional, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal estiver na área.

De acordo com o delegado da Polícia Federal Alexandre Alves, que comanda a operação, os índios que estavam no quartel há quatro dias desejavam voltar para as aldeias, pois estavam separados de filhos e outros familiares. Quando um grupo de homens atacou os postos de pedágio, no último sábado, muitos fugiram para a selva e um grupo se refugiou no Batalhão de Infantaria de Selva. Seis indígenas, entre eles duas gestantes e duas crianças, precisaram de atendimento e foram levados para hospitais de Porto Velho (RO). Além da base avançada do Exército em Santo Antonio do Matupi (AM), a força-tarefa manterá postos de controle na entrada e saída da reserva e em pontos estratégicos, como o acesso à balsa no rio Madeira, em Humaitá.

Os 1.446 integrantes das etnias tenharim, parintintin e mura, que habitam a Terra Indígena Tenharim Marmelos, eram presença constante em lojas, restaurantes, praças e locais de diversão de Humaitá. Apareciam de carro ou moto, faziam compras e frequentavam restaurantes e lanchonetes. Desde os incidentes, em que também os pedágios feitos pelos índios na rodovia Transamazônica foram queimados, não se vê um índio pelas ruas.

Leia ainda: Conflito com índios no AM retoma tensão de 125 anos atrás

Desaparecidos – Presentes numa entrevista coletiva dada pelo delegado, familiares dos três homens desaparecidos na área da reserva há 15 dias cobraram mais rapidez na investigação. “Queremos informações, sejam boas ou ruins. Temos esperança de que eles estejam vivos e não gostaríamos de ter notícias pela televisão”, disse a esposa do professor Stef Pinheiro de Souza, dono do carro em que os três viajavam quando sumiram. O delegado prometeu que as buscas serão intensificadas. “Eles também querem uma solução, pois estão pagando pela suposta ação de uma minoria.”

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As buscas pelos desaparecidos são realizadas a partir do km 130 da Transamazônica, onde teriam sido vistos pela última vez. Além de helicópteros, cães farejadores e navegadores de selva – equipes especializadas em buscas na mata fechada -, uma equipe de peritos acompanhará os trabalhos. Com base nas informações já levantadas, foi delimitada uma área para a varredura.

O conflito com os índios começou após o desaparecimento dos três homens – além de Stef, o comerciante Luciano Ferreira Freire e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador -, supostamente sequestrados e mortos em retaliação à morte do cacique Ivan Tenharim – ele teria caído da moto, mas os índios acreditam que foi assassinado. Revoltada, a população incendiou a sede da Funai, a Casa de Saúde do Índio, veículos e um barco usado no atendimento às populações indígenas. Ao pedido do Ministério de Defesa, uma força-tarefa com 500 homens passou a atuar na região.

O embate levou a prefeitura a suspender a festa de réveillon em Humaitá. Os shows em palcos montados na orla do rio Madeira, uma das principais atrações, foram cancelados. Será mantida apenas a queima de fogos da virada, porque o material já havia sido comprado. De acordo com o prefeito José Cidinei Lobo do Nascimento (PMDB), não há clima para festa na cidade depois dos distúrbios registrados no Natal. “Também estamos mostrando solidariedade com as famílias dos moradores que estão desaparecidos”, disse.

(Com Estadão Conteúdo)

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