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Goiás: o Estado onde o PT não entra

Estado é o único a ter três senadores e o governador de partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff; nestas eleições, isso não deve mudar

Por Gabriel Castro, de Brasília
1 set 2014, 07h36

Nos últimos catorze anos, as eleições têm mostrado um contínuo crescimento do PT, que passou de uma agremiação de força média, sem capilaridade, para um dos partidos mais poderosos do Brasil, com presença nas capitais e nos grotões. Há um lugar, entretanto, que parece ter ficado imune a essa onda: Goiás.

O Estado é a única das 27 unidades da federação onde o governador e todos os três senadores fazem oposição ao PT. O governador é Marconi Perillo (PSDB). Dois senadores são tucanos; o outro é do DEM. O cenário não deve mudar: nas eleições deste ano, Perillo caminha para a reeleição, enquanto Ronaldo Caiado (DEM) é o favorito para vencer a disputa por uma cadeira no Senado.

Na Câmara Federal, apenas um dos dezessete parlamentares é petista. O candidato do PT ao governo do Estado, Antonio Gomide, aparece em quarto lugar nas pesquisas, com 5% das intenções de voto. Marina Sant’anna, a petista que disputa o Senado, tem números um pouco melhores, mas a vantagem de Caiado é confortável.

O que explicaria a falta de sucesso do PT no Estado? O professor de Ciência Política Itami Campos, da Universidade Federal de Goiás, diz que o perfil socioeconômico da população explica os insucessos petistas. “O agronegócio é muito forte, e o que predomina entre os eleitores é uma mentalidade mais tradicional”, diz ele.

Hoje, 70% da população do Estado é urbana, mas as pequenas cidades são ampla maioria. Cerca de 80% dos municípios goianos têm menos de 20.000 habitantes.

Outra razão: tradicionalmente, a política goiana tem uma participação intensa de grandes fazendeiros e empresários, o que minou desde o início a possibilidade de ascensão do PT, historicamente ligado ao sindicalismo e ao funcionalismo público.

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Em Goiás, o PT ainda possui o perfil eleitoral que tinha antes da chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência: o típico eleitor petista é de classe média, concentrado nas grandes cidades. Não por acaso, o partido governa os dois principais municípios do Estado: Goiânia e Anápolis. O presidente do PT goiano, Ceser Donisete, usa esses dados para afirmar que o petismo tem sua força em Goiás.

Ainda assim, o saldo das eleições municipais não é bom: o partido tem menos prefeituras do que siglas médias, como DEM, PP e PSD. E comanda apenas um terço do número de cidades administradas por PMDB e PSDB. Donisete diz que o cenário não é permanente. “É conjuntura, mesmo. Depende do nome que é apresentado. Agora quem lidera as pesquisas para governador é o Marconi Perillo, mas dentro da aliança dele tem pelo menos cinco partidos que apoiam Dilma”, afirma. Esse dado, entretanto, só reforça as diferenças entre o cenário local e o federal.

O predomínio de políticos de centro ou de direita também causou em Goiás uma polarização curiosa: PSDB e DEM estão em lados opostos. O partido de Ronaldo Caiado, aliado ao PMDB, enfrenta os tucanos nas urnas.

Caiado diz que o perfil do eleitor goiano é naturalmente avesso às ideias petistas: “Aqui existe uma tendência mais liberal, de que o Estado deve ter funções específicas, sem muita interferência na iniciativa privada. A maioria do Estado acredita na capacidade do cidadão”, afirma o parlamentar. Ele havia firmado uma parceria com o então candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, até que, por exigência de Marina Silva, o acordo foi desfeito. O democrata aliou-se, então, ao PMDB do ex-governador Iris Rezende. O PMDB local, que já foi anti-PT, chegou a se aliar aos petistas e agora se separou novamente. Rezende, o candidato da sigla ao governo, luta para reverter a vantagem de Perillo, mas a tendência é que o tucano conquiste o quarto mandato.

‘Não sou seguidor de ninguém’, diz Caiado

O senhor teme ser comparado a Demóstenes Torres, que também veio de Goiás e tinha um perfil combativo? Cada um tem o seu perfil. Eu não só tenho história no Estado de Goiás. Tenho minas convicções e minhas posições. Não sou seguidor de ninguém, eu sou autodidata na minha postura.

Por que DEM e PSDB não andam juntos em Goiás? O que impede é o governador Perillo. Você faz aliança com ideias. Quando as suas ideias não são cumpridas, o esforço de transparência, de ética, de moralidade prioridade de governo, não tem porque seguir aquele que não tem nada ver com a origem da nossa luta. Mas isso não é novidade. Desde 1998 estou em um caminho diferente do PSDB aqui.

Por que o PT fracassa em Goiás? Eu diria a você que, objetivamente, eu acho que as lideranças, ao mesmo tempo o discurso do PT não encaixam muito com a política do Estado. Aqui existe uma tendência mais liberal, mais de estado com as funções específicas, sem muita interferência na iniciativa privada. A maioria do Estado acredita capacidade do cidadão.

O senhor acha que o DEM deve fazer oposição em um eventual governo de Marina Silva? Vou ser senador governista na gestão de Aécio Neves. Você não pode menosprezar em campanha eleitoral. Isso (a vantagem de Marina Silva) é um quadro febril que vocês já estão diagnosticando. A pesquisa que vale é a do dia 5 de outubro.

Mas o senhor descarta uma parceria com Marina? Se a Marina se converter de algumas teses e não tiver mais atitudes dogmáticas, uma posição preconceituosa com o setor agrícola, não alterar o Código Florestal, não apoiar tarifaço, não mexer no câmbio, vamos analisar. Eu acho muito precoce. Eu já fui várias vezes vítima de preconceito e não quero antecipar qualquer posição.

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