O médico ginecologista e obstetra Orcione Júnior está sendo investigado pela polícia por, supostamente, ter assediado 24 pacientes. Nove delas já prestaram queixa contra o médico na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) em Vitória da Conquista, interior do Bahia, entre terça e quarta-feira 15. O profissional, por meio do advogado Paulo de Tarso, alega inocência.
Os supostos crimes vieram à tona por meio de um perfil criado no Instagram na última sexta-feira 10. Após o primeiro relato, outras mulheres se pronunciaram. As denúncias têm acompanhamento da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A reportagem conversou com três dessas mulheres que estiveram na delegacia. Duas delas foram atendidas em 2015 e a outra, no início deste mês. Elas relatam desde comportamento inadequado do médico, como elogios ao “corpo lindo”, até toques íntimos que em nada se relacionavam com o atendimento médico.
Uma das pacientes sofreu um aborto espontâneo e procurou atendimento emergencial com Orcione. “Ele tirou as luvas e começou a massagear meus seios, o que não era mais natural numa situação de aborto. Não era uma massagem de um médico, era um toque de homem. E aí desceu por minha barriga, enquanto alisava todo o meu corpo, inclusive minha vagina, sem luva. Ele me elogiava e dizia que eu não ficasse preocupada”, relatou uma das vítimas.
“Quando vi o post no Instagram, voltei a viver tudo que tinha vivido em 2015. Era como se estivesse vivendo aquele momento. Desde então, não consigo me alimentar direito, estou tomando remédio para dormir”, acrescentou. Para o advogado, “o médico é vítima de calúnia e difamação”. Após as denúncias, ele deixou de fazer atendimentos em sua clínica particular, no bairro Brasil, e nos hospitais onde trabalha.
Tarso, que defende o médico, disse que “o que está ocorrendo é um linchamento virtual contra o médico, vítima de calúnia e difamação”. “Isso começou com uma notícia falsa, mas as pessoas foram lá. Seja qual for o resultado do processo, o fato é que ele já foi condenado, já estão chamando ele até de estuprador”.
“Se as pessoas tivessem ido à delegacia, aberto processo, se tivessem divulgado o caso depois da condenação, aí poderia até ser. Mas não pode condenar um cara antes para depois apurar. A Justiça vai apurar, e o médico nega que tenha assediado as mulheres”, declarou o advogado.
(Com Estadão Conteúdo)