Gestão Alckmin descarta perícia independente para jovens mortos
Profissionais que atuaram na identificação de ossadas de vítimas da ditadura militar acompanhariam análise dos corpos
![Mogi das Cruzes](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/mogi-das-cruzes-jovens-desaparecidos.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O governo Geraldo Alckmin desconsiderou um pedido feito por entidades de defesa dos direitos humanos para que peritos independentes acompanhem a análise dos corpos dos cinco jovens que estavam desaparecidos há duas semanas e que foram encontrados em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. A suspeita é de que policiais militares estejam envolvidos na cachina.
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Segundo a edição desta quarta-feira do jornal Folha de S. Paulo, a Secretaria de Segurança Pública do Estado decidiu não avaliar por enquanto a solicitação encabeçada pela Secretaria dos Direitos Humanos da gestão Haddad (PT) e que tinha envolvimento do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos) e da Ouvidoria da Polícia. De acordo com o jornal, a pasta disse que “as perícias estão sendo feitas normalmente” e que o pedido somente será analisado “se for apresentada alguma alegação que coloque sob suspeição” a ação dos peritos oficiais.
A proposta de uma perícia independente envolveria profissionais que atuaram na identificação de ossadas de vítimas da ditadura militar enterradas no cemitério de Perus, na Zona Norte. De acordo com membros do Condepe, a ideia era garantir que todas as provas fossem levadas ao inquérito.
Nesta terça, o secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou que ainda é “prematuro” relacionar morte dos jovens à polícia. Segundo ele, há outras duas linhas de investigação, mas não informou quais são elas.
Indícios
Alguns indícios levam à suspeita da participação de policias militares. Dois PMs já foram ouvidos pelo DHPP porque teriam consultado, no início do mês passado, os antecedentes criminais de dois dos rapazes mortos.
No local onde os corpos foram enterrados, a polícia encontrou cápsulas calibre .40. Parte delas pertencia a lotes de munição comprados pelas Polícia Militar e Civil de São Paulo. Policiais dizem, contudo, que foram localizados nos corpos apenas projéteis de calibre 38 e 12, por enquanto.
Além disso, na noite do desaparecimento, em 21 de outubro, um dos garotos mandou um áudio a uma amiga dizendo que eles haviam sido abordados por policiais. “Ei, tio. Acabo de tomar um enquadro ali. Os polícia tá me esculachando [sic]”. Também há rumores de que um dos jovens tivesse envolvimento na morte de um policial militar.