Nesta quarta-feira, 10, foi revelado um esquema de golpe milionário encabeçado por Sabine Coll Boghici contra a própria mãe, uma idosa de 82 anos. Sabine contratou supostas videntes para convencer a mãe a pagar por “trabalhos espirituais”, alegando que sua filha morreria caso eles não fossem realizados. Quando a mulher começou a desconfiar da trama, depois de já ter gasto mais de R$5 milhões de reais, passou a ser ameaçada e teve seus bens extorquidos.
Os quadros subtraídos da idosa foram avaliados em cerca de R$720 milhões de reais e faziam parte do acervo de um dos maiores colecionadores de arte do Brasil, Jean Boghici, pai de Sabine e ex-marido da vítima, que morreu aos 87 anos em 2015.
Não foi a primeira vez que a família Boghici se envolveu em uma polêmica relacionada à coleção de importantes obras. Em 2012, um incêndio na cobertura do marchand em Copacabana, zona sul do Rio, transformou em cinzas a obra “Samba” (1925), de Emiliano Di Cavalcanti (1897 – 1976), avaliada em R$50 milhões de reais. O fogo também destruiu Floresta Tropical” (1938), de Alberto Guignard (1896 – 1962).
A tragédia colocou na mesa uma discussão sobre a vulnerabilidade das obras mantidas por colecionadores particulares. Na época, especialista alegavam que, diferentemente de museus e galerias, residências não costumam ter todos os apetrechos e cuidados necessários relacionados à parte elétrica, temperatura e limpeza, podendo levar a perdas irreparáveis.
O novo episódio reacende o debate. Dessa vez, questões familiares resultaram na dispersão de quadros de artistas renomados, como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Antônio Dias e Alberto Guignard. Das 16 obras roubadas, apenas três foram recuperadas até o momento. Outras foram vendidas para o Museu de Arte Latino-Americana, em Buenos Aires. De acordo com a vítima, cada tela levada vale entre R$ 150 mil e R$ 300 milhões.