Procuradora-geral da República durante o governo do presidente Michel Temer, Raquel Dodge participou da live de Os Três Poderes. No programa semanal, que traz análises sobre os principais temas da semana, a ex-PGR analisou as articulações entre os Poderes por trás das indicações de Flávio Dino para o STF e de Paulo Gonet para a PGR. O jogo nos bastidores é tema de reportagem de capa de VEJA desta semana. Assista:
Dodge elogiou as escolhas de Lula e afirmou que ‘o Ministério Público sai fortalecido’ com a indicação de Gonet. Em resposta a pergunta do colunista Matheus Leitão, a ex-PGR afirmou que é defensora do aumento da participação feminina nos cargos públicos, e que a indicação ‘renova a expectativa de que isso se mantenha’.
Matéria especial de VEJA explica as movimentações políticas por trás das indicações por Lula de Flávio Dino a uma vaga no STF e de Paulo Gonet ao comando da PGR. As escolhas do presidente acontecem em meio a uma delicada reacomodação de forças entre os Poderes. Com suas nomeações, o mandatário busca ampliar o raio de influência do Executivo sobre o Judiciário – ao mesmo tempo em que o Legislativo e o Supremo se estranham e tentam delimitar com mais clareza as áreas de atuação de cada um.
A estratégia de Lula
A estratégia de Lula para ampliar o raio de influência do Executivo sobre o Judiciário começou a ser colocada em prática com a indicação de Cristiano Zanin para a vaga que surgiu no STF no início do ano. O presidente não hesitou em enfrentar o desgaste político de bancar a candidatura de seu advogado pessoal, que acabou aprovado pelo Senado sem maiores turbulências. O mesmo não deve acontecer com Flávio Dino.
O atual ministro da Justiça é mais que um simples aliado histórico do mandatário. No governo, ele se destacou pelas muitas polêmicas nas quais se envolveu. Alvo predileto dos bolsonaristas, criou atritos com militares de alta patente, se estranhou com o deputado Arthur Lira, o poderoso presidente da Câmara, deu as costas para petistas importantes e enfileirou embates pesados com um sem-número de parlamentares de oposição, o que pode — e certamente vai — lhe render dificuldades durante a sabatina no Senado, onde são necessários 41 votos para ter o nome aprovado.