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Ex-oficial de Maduro lidera ocupação da embaixada da Venezuela

O major José Gregorio Basante foi o primeiro oficial a abandonar a tropa venezuelana e desertar para o Brasil

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 nov 2019, 16h36 - Publicado em 13 nov 2019, 16h15

Um dos homens que ocupou a Embaixada da Venezuela na manhã desta quarta-feira é uma figura que conhece, como poucos, o esquema de segurança mantido pelo regime do ditador Nicolás Maduro. O major José Gregorio Basante serviu ao longo de vinte anos as Forças Armadas da Venezuela, até decidir abandonar o país e escapar para o Brasil por meio da fronteira de Pacaraima, em Boa Vista. A fuga aconteceu em maio deste ano, quando Juan Guaidó já havia sido reconhecido presidente da Venezuela pelo governo brasileiro, e se deu após um longo processo de perseguição.

Basante, como mostrou VEJA em maio, foi o primeiro militar mais graduado a abandonar a tropa venezuelana e desertar para o Brasil – desde a crise venezuelana, 273 militares fugiram para o país, mas a maioria é de baixa patente. O major era o Comandante do Esquadrão de Cavalaria Motorizada, o quartel venezuelano mais próximo do Brasil, localizado na cidade de Santa Elena de Uairén. Entre as funções dele estavam a de garantir a segurança de uma subestação elétrica que fornece energia para o Brasil e coordenar o grupo de cavalaria.

A vinda ao país vizinho foi precedida de polêmicas. Ao cruzar a fronteira, Basante informou às autoridades brasileiras que estava sendo acusado injustamente de crimes como tortura e roubo de combustível por discordar das práticas impostas pelo regime venezuelano. As acusações seriam uma retaliação à postura do venezuelano, que se rebelou contra o regime ditatorial e contra um esquema de corrupção e extorsão em vigor dentro do exército. Entre as exigências para se manter no posto estava o pagamento de 100 gramas de ouro por mês, imposição ao qual ele nega ter cedido.

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Na noite do dia 11 de maio, o major venezuelano foi surpreendido com a informação de que os militares iriam prendê-lo. Às pressas, ele, ao lado da mulher, que carregava os dois filhos bebês, entraram no carro e buscaram amparo na casa de uma indígena próxima à divisa com o Brasil. Basante deixou a mulher e os filhos lá e saiu correndo para cruzar a fronteira, que já estava fechada. No entanto, ao se identificar como um militar, a tropa brasileira lhe abriu as portas, garantindo-lhe não apenas a entrada no país, mas ainda alimentação e hospedagem – afinal, a chegada de militares é vista como um trunfo pela inteligência do Exército brasileiro. Ninguém melhor do que os desertores para detalhar as estratégias de Maduro e as reais condições das forças venezuelanas.

Após a fuga, os militares venezuelanos foram em busca da mulher de Basante. A eles, afirmou não saber do marido e também encarou a trilha paralela para fugir para o Brasil. Como chovia bastante, ela conseguiu apenas carregar a filha, que havia nascido há apenas um mês, deixando o bebê de dois anos com a sogra. Para proteger a recém-nascida, a esposa do militar recorreu a sacolas de plástico para improvisar uma capa de chuva. Do outro lado, Basante e os militares brasileiros já a aguardavam.

Após o episódio, Basante passou alguns dias em Boa Vista e depois mudou-se para Brasília. Ele foi recepcionado pela embaixadora Maria Teresa Belandria, reconhecida pelo governo brasileiro como a representante de Guaidó no país. Hoje, o major é um dos braços-direitos dela e é quem articulou a entrada na embaixada nesta manhã.

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A VEJA, a embaixadora nega que houve qualquer invasão no local. Segundo ela, dois funcionários de carreira da embaixada entraram em contato durante a madrugada desta quarta-feira para dizer que reconheciam Juan Guaidó como presidente da Venezuela e fariam uma entrega formal do edifício. “Abriram-nos a porta, entramos pacificamente e registramos o inventário para registrar o estado que encontramos a embaixada. Às 5h notificamos a Chancelaria, a direção americana e também o batalhão da Polícia Militar”, disse.

“Recebemos todo o apoio da Chancelaria e da Polícia Militar. Lamentavelmente, depois das 6h30 chegou o general Manuel Antonio Barroso, adido militar de Maduro, acompanhado de um grupo de estrangeiros não-venezuelanos, entre os quais havia brasileiros, cubanos e nicaraguenses, e de maneira violenta entraram na sede diplomática e agrediram duas pessoas. Temos o vídeo. As agrediram muito forte”, disse a embaixadora.

Belandria afirmou ainda ter dito a todos os funcionários da embaixada que, se quisessem trabalhar ao lado dela, encontrariam as portas abertas. “Aqueles que não querem trabalhar com a gente mas tampouco querem voltar à Venezuela, pedimos ao Itamaraty que não os expulsem, que se eles quiserem ficar no Brasil, que fiquem legalmente. E, para aqueles que queiram ir voluntariamente à Venezuela, nós facilitamos o trâmite”, disse a embaixadora. “Nossas opções sempre foram ajudar e respeitar os direitos. Foram eles que invadiram de maneira violenta a nossa sede.”

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