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Especialistas temem “caos” em SP com queda de viaduto na Marginal

Expectativa de engenheiros é que obra possa durar mais de 1 ano e cause grandes transtornos no trânsito da capital paulista

Por Diego Freire Atualizado em 16 nov 2018, 19h27 - Publicado em 15 nov 2018, 15h36

O caso do viaduto que cedeu cerca de 2 metros nesta quinta-feira (15), na Marginal Pinheiros, zona oeste de São Paulo, deve servir de alerta para a situação das pontes na cidade. Especialistas apontam nítido desgaste na infraestrutura e descumprimento de regulações. Embora não seja possível precisar as causas do acidente antes do laudo oficial, a expectativa de engenheiros ouvidos por VEJA é que as obras de recuperação possam levar mais de um ano para serem concluídas.

“Vai dar um ‘nó’ no trânsito, será um caos. Depois do feriado nós veremos mais claramente os impactos, mas isso aconteceu em uma péssima hora, espero que não tenha impactos na economia em um país já fragilizado pela crise. A obra pode durar mais de um ano e não há como o tráfego não ser afetado. Certamente haverá reflexo no Rodoanel. A Marginal Pinheiros é uma artéria, são cerca de 400 mil veículos por dia”, comenta o engenheiro de transporte Paulo Bacaltchuck, diretor da empresa PB & Associados.

Todas as faixas da via expressa da Marginal Pinheiros foram interditadas para a vistoria do acidente e, de acordo com a Prefeitura de São Paulo, não há previsão de liberação. Em contato com a reportagem, o secretário municipal de Transportes e Mobilidade, João Octaviano Machado Neto, afirmou que não há informações sobre as causas da queda, apenas “especulações”. Ele confirmou que foi encontrado um “remanescente de um canteiro de obras da CPTM” abaixo do viaduto, mas não é possível confirmar relação com a ruptura.

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“É importante aguardar o laudo. Normalmente as pontes estão sobre aparelhos de apoio, um material elástico que permite a sua acomodação. Podemos chamá-los de ‘borrachas’, que acabam endurecendo com o tempo e precisam de manutenção ou troca. Os indícios, pelas imagens, são de que houve um problema no apoio. Se essa infraestrutura estiver comprometida, situações como alterações de temperatura ou desgaste do concreto podem levar à queda”, avalia o professor Sander Cardoso, do curso de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia.

Bacaltchuck acrescenta algumas hipóteses: “choveu muito em São Paulo nos últimos dias e um fator de deterioração, quando não há manutenção, é a água da chuva, que corrói as estruturas e prejudica a capacidade de tração nas vias. Outra possível causa não tem a ver com a estrutura da ponte em si, mas sim com o terreno abaixo: pode ter havido alguma movimentação do solo por conta de alguma obra, considerando também que uma linha da CPTM passa embaixo. Pelas imagens e a forma como a junta caiu, quase como um ‘Lego’, descendo tudo junto, existe essa possibilidade”.

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Cinco carros estavam sobre a ponte no momento da queda, mas nenhum ferimento grave foi registrado. Os especialistas descartam problemas de excesso de carga ou erro de cálculo na construção, considerando o longo tempo de funcionamento do viaduto. Porém, há unanimidade quanto ao descaso com manutenção. “A gente sabe há muito tempo que o poder público briga entre si e ninguém resolve o problema de manutenção nas Marginais. Vide casos como o da Ponte dos Remédios, há alguns anos. Não é nada novo e não existe acidente, deve haver manutenção. Geralmente a estrutura avisa quando há algum desgaste, basta andar por qualquer ponte para ver os problemas, nem as calçadas são arrumadas”, lamenta Paulo Bacaltchuck.

“Não precisa ser engenheiro, qualquer leigo passando embaixo de uma ponte em São Paulo percebe que há diversas delas com concreto deteriorado, e algumas vezes até aparece a armação. É uma situação crítica. O viaduto que caiu até tinha uma aparência melhor que outros abertos. É preciso destacar que as estruturas não são feitas para durar a vida inteira, manutenção é fundamental. Já tivemos diversos casos de quedas em São Paulo e precisamos fiscalizar, checar se é feita vistoria rotineira”, diz o professor do Instituto Mauá de Tecnologia.

Segundo o Secretário de Mobilidade e Transportes de São Paulo, João Octaviano Machado Neto, o viaduto que cedeu era “vistoriado periodicamente e não estava oferecendo qualquer tipo de risco ou atenção diferencial”. Em nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras (SIURB) informa que realizará o escoramento do viaduto para que possam ser feitos os ensaios que apurarão as causas do acidente, além de dar início às obras de recuperação.

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