O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, requisitou na segunda-feira, 16, que a Polícia Federal (PF) instaure um inquérito para apurar ataques cibernéticos realizados contra sistemas da Corte. De acordo com o ofício, obtido por VEJA, houve uma “ação coordenada de grupo com a finalidade de prejudicar o processo eleitoral de 2020”.
No último domingo, durante as votações, o TSE foi alvo de tentativas de invasões de seus sistemas e de vazamento de dados de servidores da Corte. Os ataques contra o sistema do TSE teriam partido de diferentes países como os Estados Unidos e a Nova Zelândia.
Além disso, o e-Titulo, aplicativo digital do título de eleitor, apresentou falhas para quem tentou justificar a ausência na votação. O programa não reconhecia a localização dos aparelhos telefônicos.
“Embora os incidentes não tenham qualquer relação com os sistemas da urna eletrônica e não tenham em nada prejudicado a apuração, a segurança e a integridade dos resultados da votação, eles eventualmente podem ter afetado a estabilidade do aplicativo e-Titulo, interferindo na devida prestação de serviços relevantes ao eleitor, como a funcionalidade de justificativa por georreferenciamento”, diz o documento enviado por Barroso para o diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza.
A investigação irá apurar a autoria do crime e se houve motivação política. Em entrevista coletiva, Barroso destacou um movimento de “milícias digitais” que aproveitaram as falhas do TSE para minar a credibilidade do sistema da Corte. “Há suspeita de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura e muitos deles são investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal)”, afirmou o ministro.