Os sinos dobraram nesta sexta-feira para despedir o ex-presidente tcheco e líder da Revolução de Veludo contra o regime comunista, Vaclav Havel, falecido no domingo passado aos 75 anos, cujo funeral foi assistido por muitos chefes de Estado e personalidades do mundo inteiro.
Entre os presentes à cerimônia estavam a secretária de Estado americana Hillary Clinton, ao lado do marido, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, além do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e do premier britânico, David Cameron.
O país inteiro parou quando os presentes ao funeral fizeram um minuto de silêncio, que marcou o início da cerimônia, celebrada na Catedral de San Vito de Praga, onde tradicionalmente eram coroados os reis tchecos.
O cardeal Giovanni Coppa leu uma carta escrita pelo papa Bento XVI, na qual o pontífice lembrou “a forma valente como Havel defendeu os direitos humanos em uma época em que eram rejeitados sistematicamente”.
“Quero prestar homenagem à sua liderança visionária que permitiu forjar uma nova realidade política após a queda do regime” comunista, reforçou o Papa.
O presidente francês descreveu Havel como um “gigante” e destacou que ele “fez com que o leste europeu se voltasse para a democracia”, defendendo sempre “a reunificação do continente”.
O presidente tcheco, Vaclav Klaus, o ministro das Relações Exteriores Karel Schwarzenberg e a ex-chefe da diplomacia americana Madeleine Albright, nascida na República Tcheca, conversaram durante a cerimônia.
Havel foi presidente da Tchecoslováquia de 1989 a 1992 e posteriormente governou a República Tcheca de 1993 a 2003, quando a federação se dividiu em dois estados.
Milhares de pessoas, a maioria usando fitas com as cores da bandeira tcheca – vermelho, branco e azul – junto com um laço preto em sinal de luto, se reuniram no centro histórico de Praga para acompanhar a missa em telões situados nas imediações da catedral.
“É como a perda de alguém muito próximo”, explicou Alena Bartonova, que viajou ao lado do marido e seu filho de seis anos de Karlovy Vary, cidade situada a 120 km da capital tcheca, para levar um buquê de flores vermelhas.
“Talvez as pessoas pensarão finalmente em Havel como um filósofo, não só como político. Até agora não tem sido possível”, declarou à AFP Jan Zufnicek, jovem de 38 anos que acompanhou o funeral perto da catedral ao lado de um amigo, os dois vestidos de preto.
Milhares de cidadãos foram ao castelo de Vladislav, em Praga, onde foi instalada a capela ardente para pestar a última homenagem a Havel, até que as autoridades fecharam suas portas na noite de quinta-feira.
A vizinha Eslováquia declarou esta sexta-feira dia de luto nacional, com as bandeiras hasteadas a meio mastro.
Está previsto para hoje um show de rock em homenagem ao ex-presidente, grande fã deste gênero musical, no Palácio de Lucerna, edifício do século passado, construído por seu avô.
O corpo de Havel será cremado esta tarde no cemitério de Praga Strasnice e no domingo suas cinzas serão levadas ao cemitério de Praga Vinohrady, onde descansam os restos de outros familiares.
A cidade polonesa de Gdansk (norte) prestou uma homenagem particular ao ex-presidente tcheco, inaugurando uma avenida com seu nome.
“Quando alguém assim se vai, é normal que Gdansk, cidade da liberdade e símbolo das transformações democráticas na Europa do leste e central, preste homenagem a Vaclav Havel”, afirmou o prefeito da cidade, Pawel Adamowicz, citado pela agência PAP.