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Delação da Odebrecht trata de privatização no ABC paulista

Segundo delação de ex-executivo, doações para candidatos à prefeitura de Santo André em 2012 tinham a finalidade de influenciar licitação de sistema de água

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 21h06 - Publicado em 19 jun 2017, 12h40
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  • O processo de privatização do sistema de água em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, é alvo de acusações de ex-executivos da Odebrecht Ambiental, que afirmaram à força-tarefa da Operação Lava Jato ter financiado candidatos na cidade em troca da obtenção de vantagens. Segundo Fernando Reis, ex-presidente da empresa, o prefeito eleito em 2012, Carlos Grana (PT), recebeu uma doação de 500 mil reais que, apesar de declarada, foi feita com o propósito de vencer a licitação.

    Adversário de Grana naquela eleição, Nilson Bonome (PMDB) teria recebido, de acordo com o mesmo acordo de delação, 400 mil reais por meio de caixa 2 com a mesma finalidade. No ano passado, Grana não foi reeleito, tendo sido derrotado no segundo turno por Paulo Serra (PSDB). No pleito seguinte, Bonome disputou uma vaga na Assembleia Legislativa, mas não foi eleito, tendo ocupado um cargo de secretário em São Caetano do Sul, cidade vizinha a Santo André, entre 2015 e 2016. Segundo Guilherme Paschoal, ex-diretor da Odebrecht Ambiental em São Paulo, o ex-candidato o procurou para pedir mais 150 mil reais para a disputa de 2014.

    A Odebrecht venceu o edital de licitação para gerenciar o sistema de água e esgoto da cidade em março de 2016, depois deste chegar a ter sido suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e aprovado após mudanças por parte da Prefeitura de Santo André. Guilherme Paschoal reiterou a versão de Reis, que associa a doação a Grana à licitação. “A intenção era fomentar e estimular a privatização e queríamos fazer o projeto em Santo André. Ele (Grana) achava interessante porque sabia quanto nos poderíamos levar de investimento ao município”, afirmou.

    Vacina ‘antiachaque’

    Já os valores de Nilson Bonome teriam sido acertados diretamente com o candidato. Os encontros eram realizados em uma cafeteria perto da sede da Odebrecht na capital paulista. “Marcava a hora, e entregava pessoalmente a ele as informações. Eu sabia que ele não seria eleito, mas tinha uma influência no ABC que poderia fomentar o projeto”, disse Paschoal. Já a segunda contribuição, em 2014, foi feita porque Bonome era “uma personalidade do PMDB” e a ideia era que ajudasse “na base dele a não criar nenhum óbice” à privatização.

    Somente no Estado de São Paulo, executivos da companhia de saneamento e tratamento de água do grupo dizem ter pago 9,1 milhões de reais em caixa 2, para financiar eleições municipais, o que Fernando Reis chamou de vacina “antiachaque”. Eles identificaram 23 candidatos cujas campanhas foram contaminadas. Atualmente, há treze petições da Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar a empresa nos municípios paulistas no Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região.

    (Com Estadão Conteúdo)

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