Poucos empresários brasileiros tiveram ascensão e queda tão dramáticas quanto o economista e banqueiro Edemar Cid Ferreira — comparável, talvez, na derrocada, apenas à trajetória infeliz de Eike Batista. Ferreira fundou em 1989 o Banco Santos, que viria a ser o décimo segundo maior do país. Não demorou, contudo, para que uma série de desmandos o levasse à lona. Nos anos 2000, o Banco Central decretou a falência da instituição, ao descobrir um rombo de 2,1 bilhões de reais. Ferreira e outros dezoito ex-dirigentes foram denunciados pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e gestão fraudulenta. Em maio de 2006, ele foi preso por 89 dias, e desde então viveu para se defender nas barras da Justiça.
Restou, como ícone incontestável da grandeza dizimada, a espetacular mansão do tamanho de um clube, construída na Zona Sul de São Paulo, com desenho do renomado arquiteto Ruy Ohtake e jardins feitos a partir de croquis de Roberto Burle Marx. Ali, Ferreira mantinha uma respeitada coleção de obras de arte de nomes como Tarsila do Amaral, Jean-Michel Basquiat, David Hockney e Frank Stella. Em 2020, tanto o acervo quanto a casa foram levados a leilão, de modo a reduzir a dívida, que parece impagável. Foi possível amealhar 151 milhões de reais pelas obras e 27 milhões de reais pela construção. Nos últimos anos, o magnata vivia isolado em um apartamento alugado. Dirigia um modelo de carro simples e recebia ajuda financeira dos três filhos. Ele morreu em 13 de janeiro, aos 80 anos, em São Paulo.
Ficou monótono
Muitos apontavam o nome do norueguês Erling Haaland, do Manchester City. A escolha do francês Killian Mbappé, do PSG, parecia muito provável. E eis que, em 15 de janeiro, o argentino Lionel Messi foi agraciado pela oitava vez como The Best, o melhor jogador de futebol do mundo, na escolha da Fifa. Deu-se, então, uma saraivada de críticas porque no período destinado a definir os eleitos, entre o fim da Copa do Mundo, em dezembro de 2022, e agosto de 2023, o camisa 10 do Inter Miami fez o básico.
Mas o básico, para Messi, é muita coisa. Na escolha, foram considerados votos de jogadores capitães de seleções nacionais, treinadores, jornalistas e torcedores, em igual proporção. Houve empate entre o gênio e Haaland — o vencedor foi definido pelo sufrágio dos capitães. Ficou monótono, mas não há dúvida: é Messi, e mais ninguém, ainda. O Brasil ficou com dois prêmios de consolação: o de melhor goleiro (Ederson, do City) e do gol mais bonito (Guilherme Madruga, do Botafogo de Ribeirão Preto, na série B, por uma bicicleta fenomenal).
Publicado em VEJA de 19 de janeiro de 2024, edição nº 2876