Corpo de mulher é encontrado na área onde adolescente foi morta no PR
Polícia procura indícios de ligação entre os casos; parentes de policiais presos por suspeita de tortura fazem protesto
A Polícia Militar do Paraná encontrou o corpo de uma mulher a cerca de 800 metros do local onde a jovem Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, foi estrangulada e morta, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba.
A descoberta do corpo ocorreu na terça-feira, em uma área de reflorestamento isolada. Segundo a Polícia Civil, a mulher foi identificada como Jennifer Priscila de Oliveira, de 20 anos, funcionária de uma ótica da cidade. Ainda segundo a polícia, ela havia sido vista com vida pela última vez na noite de segunda-feira, quando saiu do trabalho.
A polícia afirma que procura indícios de ligação entre as mortes de Jennifer e Tayná. De acordo com a delegacia de Alto Maracanã, o corpo de Jennifer apresentava sinais de espancamento. Ainda não se sabe se ele foi morta no local ou se o corpo foi levado até lá. A área fica próxima de uma rodovia estadual.
Protesto – Na quinta-feira, a morte da adolescente Tayná Adriane da Silva completou um mês. O desenrolar do caso provocou uma crise na Polícia Civil e a prisão de catorze pessoas, entre elas dez policiais civis e um policial militar, acusados de torturar quatro funcionários de um parque de diversões para que eles confessassem o crime. O caso também influenciou a queda do ex-delegado-geral do Paraná Marcus Vinicius Michelotto, que acabou sendo substituído. Até o momento, o caso segue sem solução.
Na tarde de quinta-feira, um grupo de 80 pessoas, a maioria parentes dos policiais presos, realizou um protesto pelas ruas de Colombo. Entre os manifestantes estava a mãe de Tayná, Cleusa da Silva, que pediu justiça para o caso e afirmou a jornais locais estar convencida de que os funcionários do parque que foram inicialmente presos têm envolvimento com o caso. Os quatro funcionários foram incluídos em um programa de proteção a testemunhas e foram levados para outro estado.
Crime –A adolescente Tayná desapareceu em Colombo no dia 25 de junho. Dois dias depois, a polícia prendeu os quatro funcionários do parque de diversões. No dia seguinte, o corpo de Tayná foi encontrado.
Inicialmente, a investigação da morte da adolescente foi tratada como um trabalho bem-sucedido da polícia: 48 horas após o sumiço, quatro suspeitos estavam presos e haviam confessado o crime.
Por essa versão, os quatro homens notaram Tayná, que morava na região e costumava passar em frente ao terreno onde o parque estava montado. Em um determinado dia, eles a teriam sequestrado, estuprado e depois enterrado seu corpo. A divulgação do suposto envolvimento causou revolta na população local que, em represália, incendiou o parque.
Reviravolta – O caso mudou de rumo poucos dias depois das prisões, quando uma perita afirmou que não havia indícios de estupro no corpo da menina. No dia 9 de julho, foi divulgado que o DNA do sêmen encontrado nas roupas da jovem não bateu com as amostras coletadas dos suspeitos.
Na sequência, a seção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) denunciou que havia provas “inequívocas” de que os suspeitos tinham sido espancados, sufocados e eletrocutados para confessar o crime. O Ministério Público também argumentou que as confissões haviam sido obtidas sob tortura. Por fim, os quatro presos acabaram soltos.
As denúncias levaram ao afastamento dos delegados do caso e de toda a equipe de policiais da delegacia de Colombo, que sofreu a intervenção da Secretaria de Segurança Pública do Paraná. A Corregedoria da Polícia Civil também pediu a prisão preventiva dos policiais envolvidos no caso de suspeita de tortura. Todos acabaram sendo presos na semana passada.