Os delegados da Polícia Federal reagiram ao recuo do presidente Jair Bolsonaro (PL) de garantir a reestruturação das carreiras das polícias. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) decidiu, em assembleia extraordinária, na terça-feira 3, por paralisações parciais e progressivas e aprovou ainda o pedido de renúncia do cargo do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Gustavo Torres, delegado da PF. “Pelo desprestígio e desrespeitoso tratamento dado pelo presidente da República à Polícia Federal e ao próprio ministro”, diz trecho da nota da entidade.
Nos bastidores, Torres foi o responsável por costurar a Medida Provisória (MP) que nunca chegou às mãos dos delegados, mas que gerou a expectativa de que alavancaria pelo menos 20% de aumento para a categoria e permitiria ainda a análise de promoção a cada ano. Atualmente, são necessários 13 anos para um delegado chegar ao topo da carreira. Mas, quando a MP chegou ao Ministério da Economia, há um mês, caiu no limbo.
Na queda de braço com o governo, a associação anunciou ainda que delegados poderão entregar cargos de chefia e recusar convites para assumir novos postos. “É vergonhoso”, destaca outro trecho do documento. “O presidente usa as polícias como marketing no seu governo, mas não cumpre a promessa de campanha. Com a reforma da Previdência, todo mundo perdeu 6% do seu salário. Houve redução na questão da pensão por morte. Se não há violência, mesmo o caso tendo acontecido em serviço, é tratado como morte natural”, protesta Tania Prado, presidente da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal.
Mesmo os delegados que decidiram entrar em rota de colisão com o presidente prometem que as paralisações serão feitas de forma a explicar à população a posição da categoria sem punir os cidadãos com a falta dos serviços.