Pela primeira vez na História, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou uma lista tríplice para vaga no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formada apenas por mulheres. Entre os três nomes que serão submetidos ao crivo do presidente Jair Bolsonaro está o de Maria Claudia Bucchianeri, que conta com o apoio de um grupo que deve ser crucial para a escolha: o de evangélicos.
Na última terça-feira, a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), entidade que reúne 800 membros em todo o País, endossou o nome da advogada, alegando em nota que Maria Claudia “atesta o seu notável saber jurídico e a reputação ilibada, demonstrados em todos os cargos e posições que ocupou até o momento”. Maria Claudia é vice-presidente da Associação Brasileira de Liberdade Religiosa e Cidadania (Ablirc) e secretária-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).
Antes de chancelar oficialmente o nome de Maria Claudia, a Anajure entrevistou reservadamente a advogada, para esclarecer pontos caros à base aliada de Bolsonaro, como a adoção do voto impresso. Ex-assessora-chefe da presidência do TSE, Maria Claudia já defendeu os interesses de políticos dos mais variados matizes ideológicos. Atualmente, é advogada do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progresisstas-AL), entusiasta da sua candidatura, que também angaria apoio de integrantes do primeiro escalão do governo Bolsonaro e de membros do Supremo Tribunal Federal (STF), como o ministro Dias Toffoli.
Suprapartidária, Maria Cláudia já advogou no TSE para garantir o registro de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2018, batalhou pelos direitos da ala bolsonarista do PSL e tentou garantir a sobrevivência política do ex-governador do Rio Wilson Witzel, defenestrado do cargo após vir à tona um esquema de corrupção envolvendo compras fraudadas na área de saúde em plena pandemia.
Nas próximas eleições, caberá aos ministros substitutos do TSE a análise de questões de propaganda dos candidatos ao Palácio do Planalto. Com os sucessivos ataques de Bolsonaro à imagem da Justiça Eleitoral, a escolha para o TSE ganhou um peso ainda maior. Dentro do tribunal, ministros já preveem a judicialização das próximas eleições, tal como ocorreu na disputa pela Casa Branca do ano passado, quando a vitória do democrata Joe Biden impediu a reeleição de Donald Trump. Procurada pela reportagem, Maria Claudia não se manifestou.