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Economista: Troca de presidente pode ‘abalar credibilidade’ da Petrobras

Fernando Camargo, sócio-diretor da consultoria LCA, disse que uma possível saída de Prates indicaria 'uma mudança de tons mais políticos e menos de gestão'

Por Da Redação Atualizado em 5 abr 2024, 12h32 - Publicado em 5 abr 2024, 09h05

O momento de crise e indefinições na Petrobras foi tema da live de Os Três Poderes desta sexta, 5. Durante a semana, aumentaram os rumores sobre a demissão iminente de Jean Paul Prates, presidente da estatal – possibilidade tratada por ele com ironia. Fernando Camargo, economista e sócio-diretor da consultoria LCA, analisa o cenário, que afeta os movimentos econômicos do país. O programa tem apresentação do editor Ricardo Ferraz e comentários dos colunistas Robson Bonin, Marcela Rahal e Ricardo Rangel.

Camargo crê que há um ‘potencial abalo pra credibilidade da empresa’ com a possível mudança no comando. Ele também elogiou o trabalho feito por Paul Prates até aqui. “Ele [atual presidente] está zelando por uma empresa, no ponto de vista financeiro, de longo prazo”, afirmou. “Essa questão do longo prazo é importante porque o que vem sendo feito nos últimos anos não cuidou do longo prazo. Enxugou de tal maneira a política de investimentos da Petrobras e distribuiu tantos dividendos, que fez com que a visão de longo prazo da companhia pudesse ser prejudicada”, acrescentou.

“Uma mudança vai abalar vai abalar essa convicção de que a empresa está sendo bem cuidada, inclusive do ponto de vista da precificação. Houve uma mudança importante de como lidar com as cotações internacionais do petróleo, ficou uma certa subjetividade, mas na prática foi feito o que deveria ser feito. Mudar isso não é bem-vindo. Claramente não vai mudar pra mais gestão, mas pode, se for mudar, destoar com uma mudança de tons mais políticos e menos de gestão empresarial. A minha impressão é que isso vai cair mal pra companhia e pro mercado de capitais”, disse Camargo.

Camargo também disse, contudo, considerar “normal” que o governo “tenha canais de mudança da estratégia principal da companhia e que possa pressionar por isso”, uma vez que é o principal acionista da empresa. Ele ponderou, porém, que não é normal fazer isso “por vias não institucionais, não formais, de comunicação com o mercado”.

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Dividendos

O economista também falou sobre a decisão do governo, que gerou muita polêmica, de reter parte dos dividendos da Petrobras. Para ele, tal estratégia “melhora a estrutura de capital”.  “A companhia, avaliando o seu plano de investimento, entendeu que metade dos dividendos extraordinários seria suficiente para manter os indicadores numa condição bastante favorável pra empresa”, salientou.

“A preocupação do governo, pelo que dá pra entender das declarações do ministro de Minas e Energia [Alexandre Silveira], é que isso não seria suficiente, que a metade dos dividendos extraordinários pudesse ser pouco, pudesse afetar alguns indicadores e restringir o acesso da empresa ao mercado”, completou Camargo, reiterando que a possível nova decisão do governo de distribuir 50% do lucro “atende a todo mundo”.

“Aparentemente isso tá sendo levado em conta sem nenhum problema pra condição de operação da empresa. A Petrobras estava convencida disso e e pelo o que deu a entender convenceu o governo. Tanto que o anúncio de que o governo que 50% é adequado parece que tá todo mundo na mesma linha. A discussão passa a ser de quem é a decisão, se é da empresa ou do ministério. Do ponto de vista dos investimentos acho que é uma decisão que atende a todo mundo”, concluiu.

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Os rumores na Petrobras

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ironizou a possibilidade de sua saída do cargo. Em uma rede social, ele publicou um print de uma conversa na qual responde que deixaria a empresa “para jantar” em casa, mas que na manhã seguinte estaria de volta, “pois sempre tem a agenda cheia”. A crença de que a demissão de Prates seria iminente aumentou nesta semana, inclusive envolvendo a possibilidade de troca por Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. Segundo o Radar, o chefe da estatal tenta se segurar no cargo com o apoio de Rodrigo Pacheco e de outros senadores, mas auxiliares de Lula já disseram a acionistas minoritários da empresa que ele deixará o posto.

Julgamento de Moro

Desde o início do processo de cassação de Sergio Moro, por abuso de poder econômico durante a última campanha, a esmagadora maioria dos poderosos em Brasília dava como certo que isso representaria o início do fim na breve e errática carreira do ex-­juiz na política. O voto do relator na primeira sessão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná que abriu o julgamento na última segunda, 1, no entanto, foi favorável ao senador. Na bolsa de apostas, começou a crescer a impressão de que ele possa sair vencedor nessa instância (o resultado deve ser divulgado na semana que vem). Mas a guerra está longe do fim. Caso realmente triunfe nesse primeiro round, a capacidade de resistência do herói da Lava-­Jato será submetida a outros desafios ainda maiores no horizonte.

Mesmo uma eventual vitória no TRE não poderá ser comemorada muito tempo. No caso de um revés no Paraná, acusação, defesa e Ministério Público devem recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília. Assim, Moro pode repetir o roteiro da derrocada de seu escudeiro fiel dos tempos da Lava-­Jato, o ex-deputado federal Deltan Dallagnol — que foi absolvido por unanimidade no Paraná e, depois, condenado, também por unanimidade, em um julgamento de menos de um minuto no TSE.

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